Um rio que passou em minha vida
Eu vou contar para vocês
A história de um rio arrepiante
Localizado no Garapa
Uma propriedade particular
Que nunca fechou a porteira
Para quem quisesse nas suas águas se banhar.
Rochedo, este é o seu nome oficial
Nome dado em homenagem aos seus paredões
Uma fortaleza sua cachoeira
Um poço bom para nadar
Originou muitas histórias
Que virou folclore pro povo do lugar.
Tem o famoso Poço Preto
De Aguas escuras e profundas
Conta-se que já engoliu muita gente
Quem nele desafiou mergulhar
Até um parente meu sofreu
Vi à beira da morte afobar.
Conheço bem suas histórias
Só de ouvir contar
Pois nem perto do tal rio
Minha mãe me deixava chegar
Contava histórias assustadoras
Cada uma de arrepiar!
Cresci sendo alertada
Para daquele rio me afastar
Meu pai sempre falava
Quem nele ia não costumava voltar
Portanto banho no Rochedo
Não conseguia nem imaginar.
Como é este rio?
Não adianta me perguntar
Como eu já disse aqui nesse cordel
Nunca estive por lá .
Uns dizem que é bonito
Natureza boa de se admirar.
Imagino seus paredões
Aguas escuras a borbulhar
Grandes cobras ali devem morar
Não consigo imaginar beleza
Nesse maldito lugar
Foi assim que sempre ouvi falar
Por mais que as coisas mudaram
Tem coisa que não vai mudar
Lobisomem, mula sem cabeça
Folclore que aprendi gostar
Já o Rio do Rochedo
Até hoje tende a me assustar.
Não sei até aonde
Suas histórias são reais
No fundo não conheci ninguém
Que ali morreu ao mergulhar
Mas se você acredita no lobisomem
Da minha história não há de duvidar.
Coragem sei que não tenho
Para ainda hoje desafiar
Entrar naquelas águas
E tranquila nadar
Mas se o tal rio ainda vive
Entro nesta luta para preservar.