PROFESSOR
Por Gecílio Souza
Com a voz, o livro e o talento
Em toda e qualquer circunstância
Armado de conhecimento
Repousa-se na vigilância
E enfrenta com o argumento
Os torpedos da petulância
O “bandido” mais violento
Se protege na arrogância
O seu primeiro armamento
É a própria ignorância
Em geral o mau “elemento”
Se forma desde a infância
E o homem cresce sedento
De sentido e relevância
A barbárie tem assento
No engodo da redundância
Surge o problematizador
Na pessoa do professor
Que explicita a substância
O grande intermediador
Entre o livro e o sujeito
Pode crer é o professor
Com seu estilo e seu jeito
É ele o desconstrutor
Do “conhecimento” obsoleto
Também é interlocutor
Dos que procuram bom pleito
Polêmico e pacificador
Demole o argumento mal feito
Às vezes desperta o furor
Daqueles cujo pretexto
É tachá-lo de manipulador
Tá aí o maior defeito
De um sistema opressor
Que incita o desrespeito
Preocupante e crescente
Ao saber e ao docente
Ao mestre que tira o cabresto
Uma nação só avança
Quando o ponto balizador
É a educação da criança
E não a moral do terror
Que se funda na vingança
Na malícia e no pavor
A escola da desconfiança
É que forma o ditador
Deixa então como herança
O falso moralizador
Que se firma na aliança
Do docente castigador
Com a pedagógica lambança
E o discente cumpridor
A educação não alcança
Seu caráter libertador
A sociedade é que dança
Quando inverte o seu valor
Entregando esta nação
A um torturador capitão
Em vez de um professor!
G. S.