Pequenas igrejas, grandes negócios!
O puteiro de Dona Tarsília,
Prostíbulo de Aquiraz,
É casa do sujeito-família,
Dos servos do Satanás
A cortesã logo de adapta,
Enquanto cresce a cidade,
Aumenta a renda per capita
Um antro de prosperidade.
Amplia o faturamento,
Já pensa em nova expansão,
Franquia e financiamento,
Negócio requer devoção
O pastor fica incomodado,
Valente que nem lacraia
E o bispo ficou revoltado,
Com ciúmes da maracutaia
De tanta fiel pregação,
Despenca um raio do céu.
Na semana da inauguração,
Atinge de cheio o bordel.
Atendendo à força divina,
Incêndio destrói o telhado,
Atrapalha aquela rotina.
Parece até mau-olhado
Cafetina move um processo,
Enquanto se gabam os fiéis.
Eu, que não minto, confesso:
Contrata uns três bacharéis
Tarsília processa a igreja:
Culpada pelo fim do negócio.
Aduz que, de tanta peleja,
Putaria é igual sacerdócio.
Não temos responsabilidade!
E a igreja alega má-fé.
Seu juiz, Vossa Autoridade,
Foi quebranto no cabaré?
Não sei concluir o roteiro,
Mas, fica patente nos autos:
A proprietária daquele puteiro
Acredita no poder dos arautos.
Se, para uma igreja inteira,
Orações não valem de nada,
A justiça não é brincadeira,
Audiência está terminada.