O ENIGMA DO AMOR

Por Gecílio Souza

É pouca gente que entende

A linguagem do amor

Ele tem uma linguística

Transcrita no interior

São verbos que se traduzem

Em lágrimas ou em suor

O silêncio é voz da alma

Gramática de maior valor

Dos textos do coração

O rosto é o melhor tradutor

As mãos se fazem alfabeto

Quando necessário for

Palavras soltas ao vento

Iludem o interlocutor

No contato de dois seres

É bem distinto o calor

Em tudo se vê sentido

A vida tem mais sabor

Se o afeto é gratuito

Supera-se o mau humor

Não há dívidas nem cobranças

Sai de cena o cobrador

Quando se ama em silêncio

Até o rosto altera a cor

Promessas não asseguram

Algum enlace promissor

Importa se dois corações

Um do outro é morador

Nutrindo-se da confiança

Nenhum se torna traidor

As quedas são pedagógicas

O erro é um sábio instrutor

Nos reveses amorosos

Não há ninguém vencedor

Verbos não são sentimentos

Amar não é um favor

Reciprocidade é uma ponte

Um invisível corredor

Onde dois seres trafegam

Em meio ao prazer e à dor

Eis que no jardim do afeto

O espinho integra a flor

Se neste jardim há riscos

Fora dele há pedrador

Lá dentro há os desafios

Mas fora é desolador

O encontro de duas almas

É um dueto sedutor

Razão pela qual a ausência

Devasta como um trator

Que tal então nos amarmos

Com liberdade e vigor?

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 30/09/2018
Reeditado em 30/09/2018
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