CORDEL MANIFESTO
Eu quero contá a ocês
Um causo de se arrepiá!
O que já contei várias vez,
Pelas bandas daqui e de acolá
Sempre um verso novo a contá!
É que eu não canso de tudo
Sempre se pudê repensá
Pra despois num cordel da pracinha
A gente pudê relembrá
Inté se manifestá!
E a Deus nos inferno das esquina...
Também se pudê é rezá!
Eu conto dum lugar esquisito
Mas terra do meu coração...
Que sempre foi muito é bunito,
De remexê a emoção,
Lugar de se fazê verso bão...
Famoso pela grande natureza!
Dum mundo de quem sempre foi dito
Ser terra de tudo bendito
Que ali era só tudo beleza.
Inté eu acreditei...
Mas um belo dia acordei.
Lá havia a crença erudita
Gogós de falas bendita...
Dum povo em libertação
De grande civilização!
Onde se pudia escolhê
Nas urna do só “bem querê”
Como se queria vivê!
Dignidade às cidades
Era o que se ouvia dizê.
E todo mundo acreditava
Que os “home” pelas gente zelava
Numa tár de Democracia...
De quem até o Demo corria...
Onde muita sigla havia
Pra representatividade
Dum povo, da genuína vontade.
Letrinhas pra mode se enganá
Mas de alfabeto a agonizá;
Que ali todo mundo era iguár!
Palavra que as boca se enchia
As boca do povo e doutô...
Pra mode parecê gente fina...
E se pudê discursá
A pulso de tudo de bão se pudê
Neste mundão merecê;
Bem boa era a tar gritaria...
Onde tudo mundo ouvia,
Que ao povo tudo se daria
Ao mermo que então já sofria
Cada vez mais de barriga vazia.
Das fome todas se pudia
Já muito bem se contá
Inté as catalogá!
Em todas bunita estatísitcas...
Pra mode mais mentira inventá.
Os Homê tudo junto se unia
E intão tudo ali prometia
Às tantas das já não mais minoria
Pois era já muita multidão...
Com fome ispaiada nos vão
Das gente esquecida no chão,
A título bem prugramado
Pra mode se ganhar a eleição.
O circo tava já garantido
Embora já meio falido...
Nem tudo faria sentido;
E em meio a muita falação
Prometiam a vorta do pão.
Desligaram as inteligência
Aos berros das tanta querância!
Chutaram a educação
Pra escanteio dos campo
De joio em multiplicação!
O strigo forum curruido
a muita degradação,
Pros cantos do tudo no chão
Nem mais passarinho vivia
A vida toda só morria;
Ali era muita sofrência
Em meio a tanta decadência.
Intão , ressuscitaram os escribas
Da idade média soerguida
Pra mode poder enganá
A História a se registrá,
E povo inda acreditá,
Que pela tár da votação
Da santa legítima eleição...
Se tinha a nobre intenção
De tudo ali consertá
Pra mode se pode levantá
E mais se pudê é levá...
Da farsa inda em construção.
Mas o que o povão não sabia
Que os mermo que tudo prometia
Era os safados das peste!
De toda a doença em teste
Pra dizimá a multidão
Doença que tudo varria...
Pior das que já se conhecia
Na mão do coitado dotô
Um már que jamais tinha cura
Com tanta mão boba obscura.
Despois de matar a educação:
Era a tár da CORRUPÇÃO.
Doença marvada da peste
De todas doença inconteste!
Entrava por todos os cantos
Quar água infiltrada no pranto
Das rachadura minada...
Sugava o sangue da população.
Mas com a educação desligada
Os cabra nem desconfiava...
De toda sua destruição
Das grande era a tár maldição!
O povo na estrada morria
E inda lhe agradecia!
Com a bandeira hasteada
Mas não a da grande Nação
Da quár falo aqui em questão.
Ficava era tudinho no escuro
Sem ver uma luz de futuro,
Mas parecia contente
Pelo passo decadente.
O povo morria nas ruas...
Da Democracia já nua
Nem Demo queria enxergar
O tudo ali a se encenar...
Mas nada de o povão entendê:
Nem inglês tinha mais “nada a vê!”.
Os ratos das ruas escuras
No lixo de montanhas às alturas...
Viviam em orgias noturnas...
Sem saneamento básico
Aos hôme só agradecia
Os tiros soavam ao alto
A vida era só sobressalto...
O todo era chão de rescaldo.
Queimaram toda natureza
Inté as faianças da nobreza
Real que fez boa História
De registrada realeza;
Seria o inferno prometido
Quando se perde os sentido
E o rumo segue sem direção.
O povo apaludia abobado...
No breu, já sem chão e nem glórias
Sem ter sequer uma vitória!
Às cinzas foram suas memórias!
Agora sem nenhuma beleza...
Queimaram-se todas certezas.
Os “hôme” tavam é tudo junto
Pra modê enterrar os defunto
Duma sociedade atingida
Num palmo da terra falida.
E o povo gritava nas ruas...
No meio de cenas ferozes
Ovacionava seus algozes;
Seguiam pelas cenas criadas
Crianças todas abandonadas
Zumbis de vidas aos pedaços
Em mortes vivificadas
Das urnas intão malogradas...
Em gerações orquestradas
A droga era endeusada,
Perdiam a infância prometida
No osso da vida sem guarida,
Na pele das gentes sofridas.
E o mensageiro gritava...
Às vidas já bem congeladas:
“darei óh meu povo!- aguerrido
De destino já tão corrompido!
De dura resistência provada
Às zelites tão desalmadas !
Às minorias por mim insufladas...
Toda cidadania negada!
Prometo meu povo querido
Àquele que inda me dá ouvido!”
Mas...de entendimento em curto
As fome aplaudia os absurdo.
O povo nem percebia...
Que os mesmo que lhe prometia
Eram os que tudo levava
E a tudo lhe corrompia.
Pelado, de cueca assaltada
Povão inda acreditava.
As massas seguiam às urnas
De vidas tão taciturnas...
Da tár da Democracia
Que mais rimava com orgia...
Ou intão devia ser utopia,
Que mais parecia as contada
História de fada inventada.
Seguia pela vida obscura
Advinda de vis bastidores...
De consciência moribunda.
Fiéis seguiam as promessas
Dos deuses que faziam só festa
Com a dor já em CONVULSÃO
Dum povo atirado no chão:
Seguiam como a se uma seita
De consciência desfeita
Por tanta sofrência aceita.
Em meio às campanhas hilárias
Palhaços faziam seus números
E o povo às gargalhadas
Frente aos discursos inúmeros,
Votaria nas mesmas falácias
De anos e ano em vão
De flores mortas com canhão.
É como, em verso em questão,
Votar na própria destruição.
Cem anos de mais solidão.
Sequer no voto desconfiava
Embora à tanta dor deflagrada...
Que a pior de toda ditadura
É a esperança condenado às ruas
Em meio a só falcatrua
Na vida sem ter direção.
Se continuar bem liberto
De algema no pulso incerto
Trancado dentro do coração,
A pulsar somente o medo
Do temeroso desfecho...
Da abandonada Nação.
Neste meu cordel manifesto
Eu mudo o tempo do anverso,
Eu conto e rezo em secreto
De peito em verso aberto:
Eu rogo em forte oração...
Que Deus tenha dó do meu teto,
Que haja urna em prontidão
Pra mode mudá em bom destino
O tema da minha Nação
Que inté parece o arquétipo
Dum anjo caído no chão.