SOBRE A ‘PATAFÍSICA DE ALFRED JARRY, TEATRO E MAIS ABSURDOS

Tenho um amigo preclaro

Dono de verve instigante

Seu verso forte e cortante

É temporão, quase raro

Nas vezes que me deparo

Com seu texto irreverente

Sei que há trabalho pra mente

Mestre Guillherme Sotero

Meu professor mais severo

E hoje não foi diferente...

Acordei madrugadinha

A velha insônia reinava

A mente inda dormitava

Fui mexer na escrivaninha

Vi que um correio continha

O anúncio de algo mais denso

Eu, à preguiça propenso

Escarrei a velha tísica

E debrucei-me à ‘Patafísica

Por ser ao absurdo infenso...

Buscando definições

Lancei-me em longa viagem

Encontrei o personagem

Autor das tais invenções

Ler “Gestas e Soluções”

De um certo Doutor Faustroll

Analfabeto de escol

Ficou pesado pra(o) burro(aqui)

Pra não pirar dei meu zurro

Já começava o arrebol...

Pela mão do tal Doutor

Cheguei ao francês Jarry

E, amigo, te digo aqui

Dramaturgo e pensador

Verdadeiro precursor

Do bom teatro gaulês

Que a lógica inverte de vez

Mesclando cristão com curdo

O Teatro do Absurdo

Que nem Zé Limeira fez...

Da Ymagier fiz leitura

Soube do Barão Mollet

Samuel Beckett, Genet

A dramaturgia pura

Virou normal minha loucura

Corri coxias a pé

Ver tudo como é que é

Vislumbrei drama e burlesco

Jacques Prévert e Ionesco

Vi Guillaume Apollinaire...

Termino aqui o relato

Da grata e breve incursão

Provocada pelo irmão

Guillherme um poeta nato

Mas provocador, de fato

De meus mergulhos fecundos

Aonde visito mundos

E fujo à luta diária

Solução imaginária

Pro caos e medos profundos...

(Mote no “Patafísico Brasil 2018”, de autoria do ‘patafisicísta Guillherme Sotero.)

.

Stelo Queiroga
Enviado por Stelo Queiroga em 16/09/2018
Reeditado em 18/09/2018
Código do texto: T6450022
Classificação de conteúdo: seguro