DELIRIUM TREMENS

COM AS ROUPAS PERFURADAS

COM VESTÍGIOS DE FACADAS

JAZIA A CARCAÇA ABANDONADA

SUJA DE LAMA NO CHÃO

AO SEU LADO UM CAMARADA

COM A CABEÇA ABAIXADA

CHORAVA A MORTE DA AMADA

COM SUA ARMA NA MÃO

TREMENDO E SUANDO O INFELIZ

CHAMANDO-A DE MERETRIZ

PÁLIDO IGUAL UM GIZ

FOI FALAR COM O DELEGADO

APÓS CONFESSAR A AGRESSÃO

ENTREGOU O QUE TRAZIA NA MÃO

TINHA NO ROSTO A EXPRESSÃO

DE UM HOMEM PERTURBADO

EU MATEI A MINHA AMADA

EIS O SANGUE DA SAFADA

MAS NA MÃO NÃO TINHA NADA

DAVA PENA DO INSANO

POIS LA NA BEIRA DA ESTRADA

NA VERDADE NÃO TINHA NADA

SÓ UMA BONECA ESTATELADA

RASGADA FEITA DE PANO

PARAMÉDICOS FORAM CHAMADOS

HOMENS FORTES E ACOSTUMADOS

A LIDAR COM ESSE ESTADO

DESSA POBRE CRIATURA

CAMISA DE FORÇA NA MÃO

TENTA CONVENCE-LO EM VÃO

ESTÁ SOB FORTE TENSÃO

EM EVIDENTE LOUCURA

A ÚNICA COISA QUE QUER

É AGREDIR SUA MULHER

RETIRA DO BOLSO UMA COLHER

DIZ QUE É A SUA ESPADA

TRANSEUNTES ACHAM GRAÇA

SENTEM O BAFO DE CACHAÇA

E LA NO BANCO DA PRAÇA

CHORA TRISTE A SUA AMADA

INTERNADO NOVAMENTE

NO MEIO DE DEPENDENTES

SOFRE ELE E SEUS PARENTES

POR MAIS ESSA REINCIDÊNCIA

AGORA TERÁ DELÍRIO

COMEÇARÁ O MARTÍRIO

TENTARÁ ATÉ O SUICÍDIO

É A DOR DA ABSTINÊNCIA

DE LÁ SAIRÁ CURADO

BEM VESTIDO E BARBEADO

CONSCIENTE E RECUPERADO

CUIDARÁ DE SUA PROLE

MAS TERÁ DE SER VIGIADO

E DE CARINHO CERCADO

POIS SE FICAR ISOLADO

TENTARÁ O PRIMEIRO GOLE

COMO TODO VICIADO

ELE ESTARÁ AMEAÇADO

NA RUA SERÁ TENTADO

NO SEU CONVÍVIO COM O POVO

SE FRACASSAR E CEDER

A BATALHA IRÁ PERDER

ENTÃO VOLTARÁ´A BEBER

COMEÇARA TUDO DE NOVO