Zeca Cururu
Cordel: Zeca Cururu - Autor: Claudson Faustino
No riacho da lagoa
Perto d’um pé de caju
Havia um sapo cantador
Chamado Zeca Cururu
Tocava bastante viola
Com o parceiro Zé Tatu.
Zé Tatu e Zeca Cururu
São amigos de infância,
Ambos fazem repentes
Com bastante elegância,
Divulgando a cultura
Sem mostrar arrogância.
Zé Tatu de tão cansado
De cavar tanto buraco
Foi para uma cantoria
Mas estava muito fraco,
Cada garra dos seus dedos
Se mostrava só o caco.
Um dia correu a notícia
Que Zé Tatu foi embora,
A bicharada ficou triste
E culpou a dona Caipora
Que sempre levava um
No amanhecer da aurora.
O som de Zeca Cururu
Aos poucos foi parando
E de longe vinha uma voz
Trêmula e se lamentando
Era a comadre dona Gia
Na viola improvisando.
- Já chorei de saudade
Tocando minha viola,
Hoje choro escutando
A minha velha radiola,
Passarinho canta bem
Quando deixa a gaiola!
Alguns bateram palmas,
Outros só fizeram chorar
Teve um cururu idoso
Que teve até falta de ar,
Mas um som bem diferente
Começou a se aproximar.
Era o seu Chico Caçote
No batuque do pandeiro
Cada pinote que dava
Era um grito no terreiro
Chamando Zeca Cururu
E Bombina Sanfoneiro.
Lino Sapo zabumbeiro
Também dava uns pinote
E dona Zéfa Perereca
Dançava perto d’um pote
Que parecia o buraco
Onde vivia o Zé Caçote.
Com a língua de chicote
Lino pegava as formiga,
Cada pulo que ele dava
Ia enchendo a barriga,
Tocando o seu zabumba
No compasso da cantiga.
Era tanto sapo pulando
Que faltou chão nessa hora,
Tinha sapo de biquíni
Com a barriga de fora
E ninguém nem percebeu
O violeiro indo embora.
Zeca estava tão triste
Que saiu sem direção,
Mas foi percebendo algo
Que lhe chamou atenção
Quando morre um poeta
Morre a voz do coração.
Autor: Claudson Faustino