FARTURA DE CORRUPTOS
Há uma leva de corruptos
De todo preço e valor,
Há corrupto que se vende
E há corrupto comprador,
Corrupto que chora e mente
E apaga a conta corrente,
Corrupto sonegador.
Há corrupto bem mesquinho
Há corrupto perdulário,
Corrupto feito santinho,
E Corrupto visionário
Que engana muita gente
Fingindo-se a Deus temente,
Usa até escapulário.
Corrupto que canta e grita
E anda de Norte a Sul,
Por planícies, por planaltos
Por mares, rios, paul,
Que esfarrapa a bandeira
E vai descendo a ladeira,
Dizendo “ Está tudo azul.”
Corrupto que não se lembra
De nada que aconteceu,
Que quando vê o dinheiro
Diz logo assim : “ Não é meu!”
Que jura o tempo inteiro,
Nada tem no estrangeiro
E nem diz onde escondeu.
Corrupto em tudo mandando
Sem ter medo de ninguém,
Escrevendo e apagando
Sem deixar rastro de um bem,
Em complicados negócios
Com uma corja de sócios,
Todos corruptos também.
Corrupto que compra barcos
Casas, terrenos, mansões,
Pedrinhas de diamante,
Ouro, pérolas, aviões
Que pega uma sacola,
Finge pedir uma esmola
E amealha milhões.
E a fêmea do corrupto
Quem sabe o que ela é?
Bonita, bem arrumada,
Em tudo botando fé
Toda coberta de jóias,
Compra setenta jibóias,
Troca por um jacaré.
Há corrupto Robin Hood
E corrupto Barrabás,
Corrupto chamado Dimas
E tem até Caifás
Corrupto que rouba e some
E depois muda de nome
E diz “Até nunca mais.”
E o brasileiro perdido
Num mar da corrupção,
Larápios pra todo lado
Surrupiando a nação,
Sem dó e sem piedade,
Fingem dizer a verdade
Mas é só enganação.
O trabalhador, coitado,
Em uma guerra ferrenha,
Quanto mais luta, mais chora,
Mais na lama se embrenha
E com raiva, sem paciência,
Desconhecendo a clemência,
Acaba metendo a lenha.
Briga com o seu vizinho
Briga com o companheiro,
Perde o tino, a razão
E o restinho de dinheiro,
E os corruptos, aos abraços,
Estreitando os seus laços,
Dizem: “Morra, beradeiro!”
(Maria do Socorro Domingos)
João Pessoa, 07/05/2017