" O LADRÃO BOBO E O ESPERTO".

Quero aqui desta vez,

Abusar da sapiência,

E falar de dois sujeitos,

Sem peso de consciência,

Um esperto e aprumado,

Outro bobo e desastrado,

A roubar por competência.

E assim o ladrão bobo,

Rouba qualquer mixaria,

Não se importa com valor,

Vivem nas periferias,

Rouba o próprio vizinho,

E quem acha no caminho,

Seja a qualquer quantia.

Porem o ladrão esperto,

Vive todo engravatado,

Dirige os carros de luxo,

Por onde anda é saudado,

É visto como um cidadão,

Rouba e se torna patrão,

E anda sempre folgado.

Olha como o ladrão bobo,

Tem a vida desgraçada,

Passa o dia escondido,

Como onça entocada,

Só caminha no escuro,

Pra roubar escala muros,

Só entra em barca furada.

Vejam o ladrão esperto,

Pega tudo na moleza,

Leva a vida salivando,

Adestra-se na esperteza,

Com uma vida regalada,

Engana e não dá mancada,

Sempre fala com firmeza.

O ladrão bobo coitado,

Vive só entrando em fria,

O roubo não da pra nada,

É sempre uma ninharia,

Vira hospede de cadeia,

Chora quando cai na peia,

Chega o couro arrepia.

Porem o ladrão esperto,

Vivem em sociedade,

Agem bem discretamente,

Com toda sobriedade,

Dá o bote na hora certa,

Leva a vida sempre alerta,

Um anjinho sem maldade.

O ladrão bobo amigo,

Só vive a fazer besteiras,

Agindo de qualquer jeito,

E vai preso por bobeira,

Anda sempre apressado,

Vive de bolsos furados,

Levando toda tranqueira.

Já o tal ladrão esperto,

Vai sempre se reciclando,

Estuda como dar golpes,

Suas ações ensaiando,

Sempre tem agenda cheia,

Seu plano é por na cadeia,

Alguém que está roubando.

O ladrão bobo, porém,

Não cansa de dar mancada,

Vai aos poucos se enrolando,

Se metendo em enrascada,

Rouba tudo que encontrar,

De calçados ao celular,

Pra se dar bem na parada.

Já o ladrão esperto não,

Vai os seus golpes tramando,

Monta logo um escritório,

Vira empresário o malandro,

Contrata uma secretaria,

Que também vira ordinária,

Pra ir ao povo enganado.

O trocha do ladrão bobo,

Não se cansa de apanhar,

Anda sempre assustado,

Sem tempo pra descansar,

Se falhar na empreitada,

Vira saco de pancada,

Se os homens lhe pegar.

Longe o ladrão esperto,

Vira um homem virtual,

Empresário de sucesso,

De prestigio sem igual,

Dá golpe com todo esforço,

Come o filé, vende o osso,

Faz da vida um carnaval.

Falido o ladrão bobo,

Faz da vida uma miséria,

Ataca casa de pobres.

Carrega prato e panela,

De vigia nas esquinas,

Parece ser sua sina,

Passar sebo nas canelas.

Na boa o ladrão esperto,

Vive de pernas pro ar,

De dentro da própria casa,

Poe tampa no caçoar,

Pra justiça um problema,

Vive dentro do sistema,

Roubando aqui e acolá.

Na saga do ladrão bobo,

Tudo fica complicado,

Anda sempre mal trapilho,

E os olhos arregalados,

Com a vida na pendura,

Fugindo das viaturas,

Que persegue o coitado.

Assim o ladrão esperto,

Do rolo vai se safando,

Como um nobre cidadão,

Vai esta vida levando,

O cara só quer milhão,

Roubando até o tubarão,

A sua conta engordando.

Os dois vivem lado a lado,

O ladrão bobo e o esperto,

Só vemos as diferença,

Na hora de descobertos,

Um cai no cambão de pau,

O outro em cela especial,

Vocês já sabem do resto.

Cosme B Araújo.

16/08/2018.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 17/08/2018
Reeditado em 09/02/2021
Código do texto: T6422018
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