GECILOSOFIA - A CAMINHADA
Por Gecílio Souza
Estou partindo de viagem
Andar é uma obrigação
Vou seguindo pela margem
Para não chamar atenção
Me ungindo da coragem
De atravessar o sertão
Construindo a minha rodagem
Caminhar é uma construção
Refletindo sobre a mensagem
Que faz cessar a ilusão
Desistindo da bobagem
De renunciar à paixão
Curtindo certa dosagem
Do paladar da emoção
Corrigindo uma postagem
Que pude rasurar à mão
Sentindo a saudade selvagem
Tentei ligar ao amorzão
Exprimindo a desvantagem
Desta vulgar solidão
Vou conduzindo na bagagem
Só o pulsar de um coração
Se diluindo em imagem
A se desenhar no meu chão
Surgindo como miragem
Sem especificar um padrão
Campo lindo de paisagem
A se anunciar num refrão
Me consumindo na sondagem
De encontrar uma estação
E dormindo sob a ramagem
Sonhar na escuridão
Sorrindo da malandragem
Do despertar do clarão
Se resumindo em passagem
Por este milenar torrão
Estou indo sem plumagem
A se firmar no bastão