SAUDADE DO MEU CHÃO DE AREIA

Como é bom acordar cedo, pegar minha violinha

e tocar uma canção

Olha a estrada deserta, até meu pensamento se perder

Como é bom poder olhar a bicharada no quintal

Despertar com o sol, e adormecer com a lua se

escondendo no céu

Como é bom poder pisar no chão de areia, me

sentar a noitinha, a beira de uma pequena fogueira

Como é bom ver o bailar das estrelas, e ter o arder

da aguardente na garganta queimando

Como é bom ver, o tempo passar sem pressa

As flores crescerem, ficar forte, viver e morre no seu tempo

Como é bom caminhar com meu cavalo amigo

Aqui, ele anda ao meu lado, sem selas, sem ninguém no

seu lombo montado

Como é bom pensar no meu pai brigando comigo

Minha mãe preparando o almoço

Meus irmãos sendo picados por formigas, e eu dando

gargalhadas

Como é bom ter os olhos cheios de lágrimas, por ainda

sentir dentro de mim, o suave frescor das manhas

Os mesmos, que em minha cama, quantas vezes com seu leve perfume, minha pele, veio tocar

E de lá eu podia escutar o bater das panelas na cozinha

Era minha mãezinha preparando a comida, e o café, para

meu paizinho sair para a lida

Hoje eles estão bem longe de mim, o querer vencer, os levou

embora, deixaram para trás, essa velha casinha, e o pasto seco

as galinhas magras, e a solidão

Meu pai minha mãe, Deus já chamou, meus irmãos, a vida levou

E eu aqui, ainda estou, não sei até quando

Mas enquanto, eu puder olhar o horizonte, brincar com meu cão

fugir das cobras, queimar meu feijão, caminhar com meu alazão,

e poder tocar minhas canções

Prometo que viverei com alegria, porque sei que apesar das minhas madrugadas frias, não existe coisa melhor que poder

enxergar o amanhecer, ouvir os pássaros, sentir o frio

queimando a pele, tocar as folhas, e beber a água barrenta

Melhor ter essa pobre vida, e senti-la, do que ter tudo na vida

morar na cidade, e ser pequeno

Aqui eu sou grande, meu castelo não tem luxo, mas dele sou o dono

Poeta Igor Rodrigues Santos
Enviado por Poeta Igor Rodrigues Santos em 30/07/2018
Reeditado em 01/08/2018
Código do texto: T6404432
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