O Brasil Que Eu Quero
I
Sabe o Brasil que eu quero?
É um Brasil sem preconceitos
No qual o rico e o pobre
Gozem dos mesmos direitos...
Um Brasil mais fraternal,
Com justiça social,
Com saúde e educação.
Que tenha mais segurança
Que pare com a matança
E acabe a corrupção.
II
Um Brasil bem brasileiro
Com seus credos, suas cores;
Suas tribos, suas raças,
Seus “saberes e sabores”;
Seus costumes, suas crenças,
Suas riquezas imensas
De valor incalculável...
Um país tão rico e nobre
E ao mesmo tempo tão pobre
Para mim é inaceitável.
III
Quem pergunta quer saber.
Não fico em cima do muro!
Vou lhes dizer o Brasil
Que quero para o futuro.
É um Brasil que o professor
Ganhe mais que um senador
Com todas as garantias
Isso já resolve tudo
Pois quando se tem estudo
Se vive melhores dias.
IV
Quero um Brasil com emprego
Para classe operária,
Para os jovens, quero esporte,
Pro Campo a reforma agrária.
Quero uma economia forte
Quero um país que exporte
O dobro do que importa
Pra que nosso PIB cresça
A Dívida Externa amorteça
E o mundo nos abra a porta.
V
Não o Brasil das promessas
Na época da eleição
Das maquetes mentirosas
Pra iludir a nação.
Das obras inacabadas,
Das pessoas maltratadas
Na fila dos hospitais
Esse Brasil eu rejeito,
Repudio e não aceito
Isso não queremos mais.
VI
Eu quero o Brasil do Ser
Antes do Brasil do Ter!
Da ética, da transparência,
Nas instâncias de poder.
Que nossos representantes
Sejam dignos e atuantes
No zelo da coisa pública
Que possam ter aprendido
O verdadeiro sentido
De se viver numa República.
VII
Um Brasil que pinta e borda
Com o “jeitinho brasileiro”
Onde o bom é “se dar bem”
Às custas do meu dinheiro?
Não é o Brasil que quero,
Nem o futuro que espero
Para a nova geração...
Um país patriarcal,
Misógino e desigual
Ah, isso num quero não!
VIII
Quero um Brasil que assegure
Direitos essenciais,
Como os direitos humanos,
Que cuide dos animais
Proteja a fauna e flora.
Não, o Brasil que explora
De maneira irresponsável.
Quero o Brasil do progresso
Onde todos tenham acesso
A uma vida confortável.
IX
Basta repartir o bolo
De forma justa e correta
Que dá pra “matar a fome”
Dessa massa analfabeta,
Que soma 13 milhões
Ainda presa aos grilhões
Da sorte e dos desenganos
Com marcas coloniais
Carimbos imperiais
Em sonhos republicanos.
X
Essa massa está na bolha
Das mazelas sociais
Que só faz suas escolhas
Em anos eleitorais.
Fruto de omissão histórica
Do descaso e da retórica
Do sistema escravocrata
Que desnuda as esperanças
No olhar dessas crianças
Que a fome tanto maltrata
XI
E não venham me dizer
Que isso é só no Nordeste
Basta ver as palafitas
Das Metrópoles do Sudeste
Do Centro-Oeste e do Norte
Pra ver a cara da morte
Estampada nas vielas
Um fenômeno social
Chamado de êxodo rural
Que deu origem às favelas.
XII
É o Cheque Especial
D’uma sociedade injusta
A conta está no vermelho
E ninguém sabe quanto custa
Os juros acumulados
De 5 séculos passados,
Essa conta nunca fecha.
É assim desde Cabral
Quando no Monte Pascoal
O índio perdeu a flecha.
XIII
Chega de esperar “heróis”
Que venham a “pátria salvar”
Tudo depende de nós
Então, pra que esperar?
Botemos a mão na massa
Basta que cada um faça
A parte que lhe compete
Do contrário, não se iluda:
Nada anda, nada muda
E o ciclo se repete.
XIV
Que a lei seja pra todos
Independente de status
Que o povo aprenda a escolher
Melhor os seus candidatos
Que o exemplo parta de casa
E tudo que nos atrasa
Fique da porta pra fora
Esse é o Brasil que eu quero
E terei, assim espero,
Pois ele começa agora.
XV
Começa dentro de mim,
De você, de cada um
Que às vezes se sacrifica
Em prol de um bem comum
Que pensa no coletivo
E que ainda vê motivo
Para sorrir e sonhar
Seja homem ou mulher,
O Brasil que a gente quer
Só nós podemos nos dar.
XVI
Começa pelos exemplos
Que damos aos nossos filhos
As escolhas que fazemos
Definirão nossos trilhos
Os políticos que elegemos
E às vezes nem sabemos
Direito quem eles são...
De votar não se abstenha
Mas vote alguém que tenha
Compromisso com a ação.
XVII
É esse o Brasil que eu quero
Para as gerações futuras,
Com democracia plena
Sem golpes nem ditaduras.
Já cansamos dessa agenda!
Um Brasil que não se venda
Ao capital estrangeiro...
Que cuide do seu entulho
Pra que um dia eu tenha orgulho
De dizer: sou brasileiro!