SANTO ANTÔNIO, A CACHOEIRA QUE NÃO EXISTE MAIS
Santo Antônio foi um dia
Um belo cartão postal.
As águas, naquele tempo,
Em seu curso natural,
Quebravam, fazendo espuma,
Nas pedras, pintando, em suma,
Cenário sensacional.
Ocorria um ritual
No período de estiagem:
As pedras eram expostas,
Uma bonita paisagem.
Na lembrança ainda tenho,
Como se fossem desenho,
Os traços daquela imagem.
Em divertida viagem
Da saudosa ferrovia,
Nos trilhos, sete quilômetros
O comboio percorria.
Santo Antônio era o destino.
Fui muito quando menino
Aos domingos... Que magia!
A cachoeira trazia
Imensa felicidade.
Quando o rio estava baixo,
Dava praia de verdade.
Em várias ocasiões,
O povo enchia vagões,
Pegando o trem na cidade.
A nossa comunidade
Há muito ficou sem elas,
Queridas locomotivas,
Que já não são mais aquelas.
Umas estão acabadas,
Outro tanto abandonadas,
Mostrando suas sequelas.
E as águas? Fizeram delas
As fontes de geração
De energia, na hidrelétrica,
Imponente construção.
Toda a sua intrepidez
Foi sepultada de vez
Por causa da inundação.
Tem saudade o coração
Do chiado das correntes.
Resistiu a velha igreja
Ante as turbinas potentes.
As pedras viraram pó,
Estão enfeitando só
Uns quadros em nossas mentes.
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A Cachoeira de Santo Antônio, situada a 7 km da cidade de Porto Velho/RO, desapareceu por conta da construção da hidrelétrica homônima. Durante alguns anos, num trecho reativado da Ferrovia Madeira-Mamoré, havia um passeio de trem com destino ao local.