Mio Verde
Hoje tem?
Tem sim senhô!
A roça ta farta...
E eu quero por favô,
E quero pra todo mundo;
Di fartura pra sobeja,
Quero pra ocê ... quero muitas pra mim
O roça ta boa, é so i panhá
Hoje tem mio dos bão,
Verde no ponto da pamonhada,
Não se avexe em busca não!
Traga logo, vai correno piazada
Umas dez baciada e escolha das granadas
Quero pamonha
Sargada, doce, seja como fô
Com queijo, com goiabada,
Com torresmo, humm..., de todo sabô.
Quero pamonha com pamonha
Quero comê para não me arrepende
Quero fica alegre, bem-humorada
Dar risada atoa, brincar com palhas do milho,
Fazer piada com a espiga ralada
Quero comê pamonha, seja doce, seja sargada
No fogão de tijolo posto ao chão,
Acendo a fogueira, mas esta não é para São João
Corro caça lenha no terrero no pasto e no curral
Com gaios secos e troncos enxutos e pedaços de pau
Faço uma boca de labaredas sem igual
Enquanto a moçada rala e cada espiga
Dou risada, choro lembrando dos tempos de eu menina.
Com rosto todo acinzentado, abano a paia seca
Alimentando o fogo mais ainda.
Com o tacho gigante, pesado d’água a fervê
Agora é só cozê!
Mas o serviço não para por aí só.
vamo amarra bem forte uma a uma com perfeito nó,
Tem outro tacho e outro, a coisa fica boa na madrugada
Quando tudo silencia, só se ouve nossas gargaiadas
O frio o vento nada impede nossa aventura
Que vida de roça é vida dura, fosse se nao tivéssemos esses momentos
Quero plantar mio em todo terreiro
E quando faltá... que Deus nos dê dinheiro
Porque vou comprar milho no mundo inteiro
É ali no rancho todo perneta
Reuní a famiage, escuita música caipira
Da risada de tanta bobage
Mas nunca esquece que foi minha vida caipira
De recordação e sardade.