PELOS BECOS DA JORNADA.
De que serve a jornada
Para quem não aprendeu
O valor da caminhada
Rumo ao destino seu
De que serve o esforço
Para o peregrino moço
Que não teve paciência
Para escutar aquele
Que muito mais do que ele
Obteve experiência.
Que valor tem o dinheiro
Perto da enfermidade
Se não cura por inteiro
A chaga da crueldade
Não supera a virtude
E nem compra a saúde
Que ao enfermo acalma
O dinheiro assim não faz
Comprar o valor da paz
E nem salva uma alma.
Pra que tanta vaidade
nessa vida passageira
Se já no fim da idade
O que resta é canseira
Pra que juntar com usura
Se ensina a Escritura
Mas muitos jogam a esmo
Que nossa maior riqueza
Tá na nossa natureza
De conhecer a nos mesmo.
Por que chorar sem motivo
Com medo da solidão
Ou se tornar um cativo
Por não saber dá perdão
Por que temer o escuro
Se todo nosso futuro
É alvo como a lã
Por que fugir do açoite
Se a tristeza da noite
Acaba pela manhã.
O que dizer a alguém
Que vem nos pedir conselho
Se o que a gente tem
Não serve como espelho
O que fazer nessa hora
Se a pessoa implora
Pela nossa caridade
Se nos somos os carentes
Como curar os doentes
Com a nossa enfermidade.
Como matar a sede
Se a gente tá secando
Como um rasgo na parede
De um açude sangrando
Como dá o alimento
Se a gente é o sedento
Precisando de comida
Que jeito curar a chaga
Se em nos está a praga
Que provoca a ferida
O grito não traz respeito
E nem a raiva comanda
O silêncio é perfeito
Para a palavra branda
Calar traz a harmonia
E o pensamento cria
Um querer superior
Que ajuda a lenvantar
Todo o bom despertar
Para o EU interior.
Pra que serve a riqueza
Para quem é um mesquinho
Que se tornou uma presa
Se perdendo no caminho
É cego e avarento
E só traz no pensamento
Toda a acomulação
Só vê a prata e o ouro
Onde está o tesouro
Tá também o coração.
Não se deve ser um rei
No trono da solidão
Ser maior do que a lei
Por conta da ambição
Pois Quem possui a coroa
Não condena só perdoa
E não descumpri as Leis
Ao contrário só as segue
Pois é assim que consegue
Ser ELE os reis dos reis.