A LINGUAGEM DO OLHAR
Por Gecílio Souza
Incontáveis são as formas
De se expressar sentimentos
Uns usam e abusam dos verbos
Para alcançar seus intentos
Outros se utilizam dos gestos
Conforme ditam os momentos
Há quem fale com os olhos
Na dinâmica dos movimentos
Olhares discretos e furtivos
Só os captam olhares atentos
Este estilo de linguagem
Encanta aos que têm talentos
Uma piscadinha de perto
Um sorriso meio discreto
Dispensam bons argumentos
Os flertes rápidos ou lentos
Transformam a situação
São lanças impactantes
Que transpassam o coração
Alteram o rítimo cardíaco
Ofegam a respiração
Fazem a alma saltitar
Na fogueira da emoção
E o corpo chora em silêncio
Por meio da transpiração
É como se o ser mergulhasse
No oceano da paixão
Flertes são flechas recíprocas
Que acionam a imaginação
Então por alguns instantes
Nos tornamos flutuantes
E aos pés nos faltou chão
Quando nasce uma afeição
Dos olhares retribuidos
Eis que ambos os seres foram
Pelas lanças atingidos
Dois caminhos que se cruzam
Precisam ser percorridos
Duas vidas, dois projetos
Querendo ser conhecidos
A vontade vence o medo
Se os dois são decididos
Inibição e acanhamento
Serão transpostos e vencidos
A iniciativa é que resgata
Alguns sonhos interrompidos
Agindo é que se reabilita
Os propósitos retraídos
A face que causa encanto
Remove as rugas e o pranto
Imprime tons coloridos
Os seus olhos são luzeiros
Que refletem no meu ser
Olhares tridimensionais
Nos quais me vejo envolver
Cada olhada é uma frase
Que tento corresponder
O seu rosto é um texto
Escrito para o meu ler
Interpreto em seu olhar
Tudo o que quer me dizer
Não contraia a sua face
Caso eu não consiga entender
Estou atento mesmo quando
Não deixo transparecer
Também sou tímido e discreto
Você pode perceber
Vá em frente sem receio
Pois já pressinto e creio
Que me fisgou sem querer