Cordel de mineiro
- Oi, passarin!, cê tá bão?
- Com esse solão ... eu não!
- Há arvoredo por perto.
- Nisso você está certo.
- Canta pra mim, passarin!
É que eu ando assim tristin,
ando carente de amor,
canta pra mim, faz favor.
- Tô com o gogó machucado,
sinto-me só, bandonado,
o meu cantar soa triste -
mal de amor ninguém resiste! -,
e tamém me pesa a idade.
- Mas você tem liberdade,
quero ver ocê voar,
seu voar vai me alegrar.
Vem aqui, na minha mão,
vou lhe dar muita ração.
- Isso é cordel de mineiro,
tem um repente treteiro,
cê tá de mim a zombar ...
Sou passarinho e tal,
sei cumé o bicho homi:
bota fogo, depois somi,
não tem dó dos animal,
só estraga o matagal,
deixa o rio fedorento,
mais parece um cão sarnento,
a sua alma vai é mal,
o Criador bem o sabe.
Você tá de malandrage,
Mineiro, ocê não me enrola,
cê quer me ver na gaiola.