A Simpatia de Santo Antônio
Santo Antônio dos encalhados,
Junta cada panela com seu tacho,
Se a esse Santo tu recorres,
Jamais, ficas tu desamparado.
E lá na cidade de Campina Grande,
Havia uma moça de família elegante
E todos a chamavam de santinha encalhada
Que um dia sonhava em ficar casada.
Os dias viraram meses e os meses viraram anos,
Assim, a pobre moça foi se encalhando,
E quando não aguentava de desesperada,
ela conheceu uma parteira, conselheira e rezadeira.
A senhora rezadeira tinha fama de milagreira
E todos a chamavam de Raimunda curandeira.
Com os matin de pião e água benzida,
Curava olhado, encosto e espinhela caída.
E um conselho a ela foi pedir:
-Por tudo que for mais sagrado,
-Oh, minha senhora, dá um pitaco,
-Pois já não sei mais que faço.
-Estou no caritó e desse lugar não saio.
E senhora rezadeira foi logo lhe dizendo:
- Minha fia, não fique desesperada.
-Você é uma moça bonita e prendada,
-Tem tudo pra ser uma mulher casada.
- Pois, Santo Antônio não te deixa desamparada.
E uma oração desencalha-moça, ela fez:
-Das profundezas do abismo
- E das alturas do firmamento,
-Rogo a chegada do momento
- Que Santo Antônio desfaça esse tormento.
-O tempo constrói, o tempo faz
-E Santo Antônio esse mal encanto desfaz
-E vai trazer pra essa moça um rapaz
-Para juntos viverem felizes e em paz.
E depois uma simpatia, a senhora a ensinou:
-Na véspera de Santo Antônio,
-Jogue uma moeda na fogueira
-E vire a imagem de ponta-cabeça,
-Pedindo que seu noivo apareça.
E assim se sucedeu. E no dia seguinte:
Das cinzas a moeda, santinha pegou.
Assim que um menino de rua passou,
A moeda ela o entregou e o nome perguntou,
E o menino rindo lhe falou:-Luiz!
Alguns dias que já faz,
Apareceu na sua porta um rapaz.
Batendo palma e pedindo água.
Pois, Santinha ficou toda encantada.
Assim, disse o rapaz:
-O brigado pela água
-Moça bonita e simpática.
- Essa jovem gentil e educada
- Já deve estar casada?
- Isso é só pra quem merece!
-Estou só e me chamo Elizete.
-Então, vem comigo pra ser feliz!
-Estou viúvo e me chamo Luiz.
José Carlos Pereira de Farias
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