OURIÇO DE ESPINHO
Comecei a ler o livro
Do Cesar Domiciano
Achei muito interessante
Por isto quero este ano
Fazer muita poesia
Transformá-la em alegria
Sem cometer engano
Pra começar vou falar
Da história de um bichinho
Que um dia fui pegar
Já que era bonitinho
Parecia um Gambá
Quando resolvi chutar
Era um Ouriço de espinho
Não pude mais recuar
Pois já havia chutado
Foi ai que percebi
Que o que fiz foi errado
Pois aquele danadinho
Deixou os seus espinhos
No meu pé todos cravados
Ai o meu companheiro
Ficou muito apavorado
Correu pra cima do dito
Que ficou ali acuado
Foi ai que no capricho
Eu gritei larga este bicho
Que ele é muito malvado
Foi então que o danado
Conseguiu entrar no mato
Se escondeu nas folhagens
Não aceitou desacato
Me deixou aborrecido
Com o pé todo doído
Sem poder calçar sapato
Eu então seguir em frente
Fui a casa de um amigo
Fui lhe pedir socorro
Pois eu estava em perigo
Muitos espinhos afiados
Mo meu pé estavam cravados
Isto é o que ele fez comigo
Sobre este animal
O povo tem a dizer
Seu espinho é vivo
No corpo passa a correr
Que a coisa fica feia
Quando ele corre nas veias
Podendo a gente morrer
Eu fiquei preocupado
Com tanta prenunciação
Pois o espinho no corpo
Podia ir ao coração
Ai eu fiquei com medo
No outro dia acordei cedo
Pondo logo o pé no chão
Pois fiquei apreensivo
Tive um sono imperfeito
Fiquei muito arrependido
Daquilo que tinha feito
Pois aquele bichinho
Todo cheio de espinho
Andava no seu direito
Foi ai que percebi
O valor que tem a vida
Pois aquele animal
Que ia naquela corrida
Com toda aquela armadura
Estava indo a procura
Da sua principal comida
Com certeza estava indo
Procurar seu alimento
Não podemos afirmar
Nem julgar seu pensamento
Mais uma coisa eu digo
Pra correr tanto perigo
Ele tinha argumento
Quase foi interrompido
Ao seu destino final
Pela minha inconseqüência
Quase mato o animal
Mas Deus foi muito bondoso
E foi muito carinhoso
Não lhe permitiu nenhum mal
Logo após a agressão
Vi quanto esperto ele era
No momento do meu chute
Ele se fez uma esfera
Só que eu não percebi
Eu já estava a lhe agredir
E ele armado a minha espera
O ouriço de espinho
Se protege como pode
Quando algo lhe ataca
Ele logo se sacode
E assim ele se defende
De nada ele depende
Pra livra-se de debiloide
Me senti envergonhado
Do que estava a fazer
Pois o pobre do animal
Só pensa em sobreviver
Eu é que fui egoísta
Pois ali naquela pista
Só queria ter prazer
Dali tirei uma lição
Que jamais vou esquecer
Nós não temos o direito
De querer interromper
A vida do animal
Que a ninguém faz mal
Que só luta pra viver
Muitas vezes nas estradas
A gente vê coisa assim
Animal de um lado pra outro
Numa corrida sem fim
E a gente que é malvado
Que só vê o nosso lado
Se torna pessoa ruim
Eu não sei porque razão
Nós pensamos desse jeito
Podíamos ser bondosos
Melhorando nosso conceito
Mas o instinto perverso
Que atua com excesso
Nos torna sempre imperfeitos
É preciso ter na vida
Vontade pra melhorar
Não fazendo mal algum
Podemos nos orgulhar
E quem sabe então
Fazendo boa ação
Deus possa nos abençoar
Mas voltando ao animal
Cujo espinho pode ser vivo
Que ele usa no corpo
Como ponto defensivo
Um dia senti em meu corpo
Um certo desconforto
Um momento depressivo
Foi ai que percebi
Algo estranho me arranhando
Era bem na gengiva
E estava me incomodando,
Será que é o espinho
Que dizem andar sozinho
E agora está despontando?
Fiquei muito apreensivo
Com aquela agonia
Só pensava no espinho
Não sabia o que fazia
Eu não estava gostando
Estava me incomodando
A boca toda doía
Foi ai que resolvi
Com uma agulha furar
Pra ver o que estava
A me incomodar
Furei até doer
Para poder entender
Nada pude constatar
Não sei o que dizer
Não sei se é verdade ou mito
Como não pude provar
Deixo o dito por não dito
Se é crença popular
Vamos deixar como estar
Não vamos criar conflito
Tudo isso aconteceu
Quando estava indo pescar
Com a burrada que fiz
Não pude mais caminhar
Fui tirar todo espinho
Me senti tão mesquinho
Pra casa resolvi voltar
Foi-se embora a pescaria
Foi mesmo uma burrada
Um arrependimento forte
Uma decepção danada
Fiquei decepcionado
Por ter sido tão malvado
Nesta ação tão errada
Com tudo foi proveitoso
Como lição de vida
Aquela dor me fez refletir
Toda pessoa atrevida
Não pensa nada que faz
E ainda se torna incapaz
De conseguir ser querida
Por isto eu agradeço
Pelo que aconteceu
Tudo aquilo foi propositado
Pra eu saber quem sou eu
Posso até imaginar
Tudo foi pra me ensinar
E por traz disto está Deus
Realmente eu aprendi
Esta maravilhosa lição
Hoje não quero mais
Praticar tal ação
Não maltrato animais
Pois todos são iguais
Selvagens ou de estimação
Por isto agradeço a Deus
Por tudo que me ensinou
Animais também são Dele
Devemos então dar amor
Se esta é a vontade do Pai
Vou procurar nunca mais
Fazê-los sentir dor.