A LENDA DO UIRAPURU
1
O guerreiro Quaraçá
Era um índio de talento.
Adorava passear
Tocando seu instrumento:
Uma flauta de bambu,
Motivo de encantamento.
2
Certo dia, um sentimento
Deixou o jovem perdido.
Pela esposa do cacique
Apaixonou-se, atrevido.
Era a formosa Anahí
Por quem foi correspondido.
3
Por aquilo consumido,
Penava devido à dor.
Então, entrou na floresta
Para pedir um favor:
Que Tupã, o deus supremo,
Permitisse aquele amor.
4
Sua flauta, seu clamor
Ecoavam pela mata.
Tupã se compadeceu
Com a sua sina ingrata.
Transformá-lo em ave foi
A medida imediata.
5
Conforme a lenda retrata,
Era vermelho e amarelo,
Com asas pretas e tinha
Um canto atrativo, belo
O pássaro, uirapuru,
Nascido do seu flagelo.
6
Para alcançar seu anelo,
Uirapuru, todo dia,
Cantava pra sua amada.
Ela, contente, sorria,
Embriagada que estava
Com aquela melodia.
7
O cacique, quando ouvia
A dulçorosa canção,
Também ficava encantado.
Pensou numa solução
Pra ter o bichinho ali:
Metê-lo numa prisão.
8
Sem ter êxito na ação
De pegar numa armadilha,
O cacique, mata adentro,
Perseguiu a maravilha.
Findou perdido e jamais
Retornou daquela trilha.
9
O passarinho partilha
Com a moça solitária
A cantoria bonita,
Em exibição diária.
Uma visita festiva,
Amorosa e necessária.
10
A criatura lendária
Queria ver descoberto
Pela mulher seu encanto,
O que não houve, por certo.
Misterioso, se canta,
Fascina quem chega perto.