FREI JOAQUIM CAMELI, A SERVIÇO DE DEUS E DOS HOMENS

Em Ripatransone, Itália,

Dia primeiro de Abril,

Mil novecentos e trinta,

Nasceu vivaz e gentil;

Veio pensado por Deus,

Que levou os passos seus

Rumo à missão no Brasil!

A dezenove de abril, (1)

Filho de Lavínia e Sante,

Recebeu nome: Giuseppe,

Na Igreja militante;

Pelo batismo de Luz

E pelo amor de Jesus

Foi recebido o infante.

No templo do lar materno,

Aos onze anos de vida,

Pelo chamado de Deus

Sentiu sua alma atraída:

Giuseppe!... Giuseppe!... E ao Eterno,

Ao Seu amor sempiterno

Entregou-se sem medida.

Foi a quatro de Outubro, (2)

Dia do Santo de Assis,

Que entrou no Seminário

Dos Capuchinos – assim quis;

E, na cidade de Fano,

O rapaz consciente e ufano

Foi muito forte e feliz.

Já no seu noviciado, (3)

Que se deu em Camerino,

Mudou de nome Giuseppe,

Deixando de ser menino:

Assim, Joaquim seria

Igual ao pai de Maria,

Mãe de Jesus – seu destino!

E cursou Filosofia (4)

Em Ancona, bela cidade;

Teologia em Loreto, (5)

Muito estudo e atividade;

Com obediência e temor

Exercia com louvor

O valor da caridade!

Aos dezoito de Dezembro (6)

Deu-se sua Ordenação

Na cidade de Loreto,

Para a sublime missão;

Destemido, sem vertigem,

No Santuário da Virgem

Consolidou a vocação.

Dois anos depois, Joaquim,

Chega às terras do Brasil,

Coração missionário

Em tempo bom ou hostil.

Cidade de Salvador,

Depois Feira de Santana,

Com a coragem espartana

E confiança varonil!

Deixou a terra natal

Zero grau – em pleno inverno,

Chegando ao Rio de Janeiro,

40 graus – tira o terno;

Itália, a sua nação,

Brasileiro por opção,

Missionário do Eterno!

Ensinou francês, latim,

História e geografia.

Na área educacional

Atuou com maestria;

Dali foi pra Jaguaquara,

Onde, educando, doara

O seu saber com alegria!

Praticou com muito zelo

As Virtudes Teologais

Mantendo a Fé, a Esperança,

E a Caridade, essenciais;

Irmão da Santa Pobreza,

Teve o Amor por riqueza,

PAZ E BEM seus ideais...

Como terna mãe que embala,

Corrigia com carinho;

Longe de jugo ou porfia,

Indicava o bom caminho.

Foi prudente e perspicaz,

Nunca tirano ou mendaz

E nunca esteve sozinho.

Homem leal, para o qual

“Tempestade era chuvisco”,

Frei Joaquim foi fortaleza,

Mas, como a gazela, arisco;

Diligente educador,

Tão clemente confessor,

Ideal de São Francisco.

Transferido pra Itabuna,

Teve a ditosa missão:

Substituir Frei Justo

Na Igreja da Conceição;

Ali atuou demais

Em atividades pastorais,

Sonho do seu coração...

Mas... “Santa Rita de Cássia”

Já brotando igual jasmim,

Surgia recém-criada

E parecia um jardim:

Seu primeiro jardineiro,

Que lhe deu jeito altaneiro,

Foi quem?! – o Frei Joaquim!

E o jovem missionário

Não se sentiu inseguro,

Gostava de criar ponte

E jogar ao chão o muro,

Em dois anos, fé e expensas,

Naquelas áreas extensas

Inaugurou o futuro!

Dava atenção aos mais fracos,

Pra não viverem de esmolas,

Protegia sempre a todos

- Brancos, índios, quilombolas;

Com atitudes tão belas

Permitiu que nas capelas

Funcionassem escolas!

Nessa Paróquia atuou,

Irradiando a virtude;

Orando em favor das almas

Atingiu a plenitude;

Amparar foi seu anseio,

Da Igreja foi esteio

Desde a tenra juventude!

Foi uma graça de Deus

Nas várias comunidades

Da Paróquia Santa Rita

E doutras localidades.

Quem o conheceu de perto

Sentiu e viveu decerto

Enorme felicidade!

Obediente ao Senhor,

Foi honra para os conventos.

Foram de paz e ternura

Os seus melhores momentos;

De alma imensa e festiva,

Construiu a Igreja viva

E foi construtor de templos!

Em Itabuna construiu,

Em cada comunidade,

Muitas e belas capelas

Que enriqueceram a cidade,

Desde o singelo oratório

Até o tão meritório

Santuário da Piedade!

Construiu a ‘Piedade’

E pra Medelín viajou.

Passou por lá algum tempo

E, quando, enfim, regressou,

Teve a alma contristada

Vendo a igreja depredada,

E Frei Joaquim chorou!...

Dedicou à Virgem Mãe

Templos de fé e acolhida:

Vitórias, Do Carmo, Lourdes,

Das Dores, Aparecida,

E Nossa Senhora Das Graças;

Que ali, ferrugem ou traças,

Jamais encontrem guarida.

Construiu outras igrejas

Dedicando com carinho:

Ao Coração de Jesus,

E ao grande Santo Agostinho,

Bom Jesus, Santa Luzia,

Pois ao povo pretendia

Demarcar o bom caminho.

Deixar o mundo feliz

Foi a sua meta, enfim;

E ergueu novas igrejas:

Para o Senhor do Bomfim,

Santos Cosme e Damião,

Também São Sebastião

- Igreja é refúgio, sim!

O paciente missionário

Não endureceu a cerviz;

Franciscano construtor,

Alma temente e feliz,

Não edificou por acaso

A igreja no Banco Raso

Pra São Francisco de Assis!

Confessor hábil e clemente,

Tirou almas de prisões,

Sorrindo lhes dava a bênção

Alegrando corações;

Já no final da “peleja”,

Só almejava ir à igreja

Atender às confissões.

Recebeu o honroso título

De Cidadão de Itabuna. (7)

Dos fracos foi defensor

Nesta plaga Grapiúna.

Comendador duas vezes, (8)

Enfrentou ímpios reveses,

O altar foi sua tribuna.

E Frei Joaquim Cameli

É também nome de rua, (9)

E no Hospital de Base

A homenagem continua,

Com seu nome em uma ala

Onde a esperança ainda fala

Da paz da mensagem sua!

Poeta da irmã Pobreza,

Que sempre doa o que tem;

Militante do Evangelho,

Frei Joaquim foi além:

Teve coração de atleta

E decisão de profeta,

Arauto de ‘PAZ E BEM’!

Repousou sobre seus ombros

A tarefa de ser lume,

Sua verve de guerreiro

Fez dissipar o negrume;

Com paciência sorria.

Com competência servia

- servir era o seu costume!

Em 2017, (10)

Partiu pra longe dos seus,

Deixando Itabuna em prantos

Foi para a festa nos céus;

Combatente de alma mansa,

Enfim, Frei Joaquim descansa,

Aos pés do trono de Deus!

E Frei Joaquim Cameli,

Que está na Santa Mansão,

Descansa atento aos aflitos

Em carinhosa atenção;

Seu coração solidário

Foi do Cristo-pão, sacrário.

Não padeceu solidão.

O pobrezinho missionário

Legou riqueza infinita:

“Combateu o bom combate”

Manteve a alma bonita.

Homem virtuoso, enorme,

O seu corpo agora dorme

Na igreja de Santa Rita. (11)

Há de elevar-se aos altares

Da Igreja de Jesus

Ele, que deu esperança,

Foi animação, foi luz,

Paciente, alegre e manso,

Fez da missão seu remanso,

Jamais se queixou da cruz...

Desvelo com a juventude

Que na vida corre risco;

Fiel apascentador

Das ovelhas do aprisco.

No seu carisma eu invisto:

São Francisco – “um novo Cristo”,

Frei Joaquim, - “novo Francisco”!

A Paróquia Santa Rita

Inaugura soberana

Monumento ao Frei Joaquim,

Com a emoção que emana,

Do afeto e do respeito.

Com a devoção e preito

Da Família Franciscana!

Roga por nosso triunfo

O confessor Frei Joaquim,

Cujo viver nos mostrou

Que é o homem do “sim”

Ao Deus que ama e perdoa,

À Caridade que doa

E ao encanto do amor sem fim!

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Poetisa: Eglê Santos Machado (OFS)

Academia Grapiúna de Letras-AGRAL

Revisão: Profa. Laura Gonzaga de Aquino Souza

Motivador: Antônio Carlos Saadi

Itabuna-BA. 03 de abril de 2018

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PARÓQUIA SANTA RITA DE CÁSSIA

Rua Juarez Távora, S/N, São Caetano, CEP: 45.607-410 Itabuna/BA.

Pároco Frei José Genilton Costa dos Santos Fone: (73) 3617-2722 E-mail: santaritadecassia@ig.com.br

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(1) – 1930

(2) - 1941

(3) - De 1947 a 1948

(4) - 1949

(5) - De 1952 a 1954

(6) - 1954

(7) – 1983

(8) – Comendas São José e Firmino Alves

(9) – Rua Frei Joaquim Cameli, bairro Pedro Gerônimo

(10) – 10 de Julho

(11) – Itabuna /BA.