Casa de interior
Tenho muitas saudades
Da casinha do interior
Lá se plantava de tudo
Colhia-se também
Tinha criação de galinha e porcos
Que avistava até em Jerusalém
Ninguém passava fome
Não era fácil a vida na roça
Mas tinha tranquilidade no meu cantinho
Prantava repoio, barria a porta.
Espiava a chuva cair
Antonte o menino foi para cidade
Estudar para ser doutor
Ficou assombrado com as coisas de acidade grande
Ele não se acostumou
A cidade é mundão de gente indo e vindo par lá e para cá
Eu vou pra minha terra espiar meu gado passar
Não vou trocar minha vidinha pro essa cidade não
Tem até bala perdida matando a população?
No colinho de mainha tem dessas coisas não!
Não há dinheiro nesse mundo que me tire do meu sertão
Sei que as coisas tá difícil nem sempre a chuva cai
Mas com fé em Padre Cicero
Eu quero ficar em paz.
Aqui no sertão tem de tudo
Sinto falta de robalo
Meu cachorro tão querido que sempre seguia os meus passos
Mas quando tá no cio é um inferno danado
Fica atrás das cachorras ninguém via ele não
Mas painho sempre dizia: Meu filho ele é macho!
Aqui os animais procuras seus pares a gente procura a casa das primas
Tudo se ajeita no sertão lugar simples de se viver
Na lida da roça puxando a enxada
O jeito é encarar o trabalho pesado na roça
E esperar o mandacaru floresce
Dizem que quando ele floresce é porque vai chover.