Fome de amor.

Sou faminto de amor

Nada tenho para dar

Sou na vida um perdedor

Não pretendo mais lutar

Quero encontrar sabor

Na fruta que madurar.

Quero ver a luz do sol

La do alto da montanha

Vou acender meu farol

Para a luz que me assanha

Vou morar no meu paiol

Porque lá a paz me apanha.

Vou ser como o cabouqueiro

Que a pedra vai quebrar

Vou examinar primeiro

Pra depois ir trabalhar

Eu não vou querer dinheiro

Pra não me atrapalhar.

Vou pescar no rio seco

Para ter meu passatempo

Vou voltar pra ver o beco

Onde vivi algum tempo

Depois tomo um café fresco

Na cantina do convento.

Vou tomar água de mina

Tomar banho em cachoeira

Ajudar quem me abomina

A sair da pasmaceira

Vou seguir quem me ensina

A não cair na ladeira.

Vou mudar meu pensamento

Vou fazê-lo mais polido

Vou usar bom instrumento

Pra não ser mal recebido

Vou usar bom argumento

Só entrar se permitido.

Vou levar sequer um pão

Na viagem que pretendo

Eu vou estender a mão

Para quem está sofrendo

E vou dar o meu perdão

Pra quem está me devendo.

Vou pregar o Evangelho

Para quem tiver pecado

Vou amparar o mais velho

Dando a ele mais cuidado

Vou cumprir meu ministério

Fazendo o que foi mandado.

Vou falar de muitas cousas

Umas em especial

Talvez seja quem mais ousa

Falar sobre o principal

E vou escrever na lousa

O que penso ser normal.

Vou falar sobre a vontade

De ser justo todo o tempo

Falar sobre a vaidade

De quem nunca perde tempo

Falar sobre a caridade

De quem é dono do tempo.

Vou falar da lua cheia

Pra mostrar que o luar

É a força que anseia

Da grandeza se livrar

Ele usa a luz alheia

Para a terra iluminar.

Vou mostrar que o sucesso

É um peso a carregar

Cada um no seu progresso

Tem a cruz pra suportar

Cada um segue um processo

Mas no fim vão se encontrar.

Vou falar sobre o sermão

Ensinado na montanha

Onde o Cristo em oração

Disse em linguagem estranha

Distribua todo o pão

Cada um seu peixe ganha.

Vou falar da primavera

Do jardim sempre em flor

Falar sobre a nossa espera

Pela volta do Senhor

Vou falar que sob a hera

Se refresca do calor.

Vou falar da primazia

Que se deve ao coração

Falar sobre a bonomia

Que leva à destruição

Vou falar sobre a alegria

Que se esconde no porão.

Vou tentar mudar o curso

Das vidas atrapalhadas

Vou treinar o meu discurso

Com respostas preparadas

Não direi nada avulso

Só coisas estruturadas.

Finalmente lhes direi

Que sou pau pra toda obra

Onde houver falta de lei

Ou houver força de sobra

Para lá eu levarei

O amor que nada cobra.

Levarei ensinamento

Levarei amor na voz

Levarei conhecimento

A quem quer viver a sós

Vou preparar alimento

Para quem chegar após.

Mesmo sendo um maltrapilho

Vou falar sobre o amor

Apesar de não ter brilho

Tenho o meu preceptor

Ele é meu próprio filho

Dele sou um seguidor.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 09/05/2018
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