GECILOSOFIA - O CAMINHO
Por Gecílio Souza
No denso campo da existência
Eis que uma sementinha estala
Um rebento por excelência
Das entranhas se resvala
A complexa procedência
No existir humano se exala
Sem traquejo ou experiência
Da vida tem a primeira aula
É o começo da penitência
Que o tempo urde e embala
Caminhar é uma exigência
Um imperativo que se instala
A viagem pede urgência
Ela própria monta a escala
O nascer tem equivalência
Na preparação da mala
Ímpeto, medo e carência
Formam o vestuário de gala
O fundo não tem aderência
Nos lados a bagagem rala
No caminho há saliência
Aclive, delive e vala
No volver e na desistência
A estrutura da vida se abala
Exaustão e deficiência
São chibata de larga tala
Viver é ter persistência
A confiança é bengala
Felicidade é a irreverência
Que com o prazer sempre fala
O prazer é uma diligência
Aguardando na ante sala
A vida entra em falência
Se a desilusão a enjaula
Há auge e há decadência
O medo é a pior senzala
Perece na insuficiência
Quem o próprio medo inala
A dúvida é uma recorrência
E no íntimo do ser se cala
Viajar é uma incumbência
Que com o viver se iguala
Pois viver é uma inteligência
Inspiradora da cabala.