Vizinha na janela
Chega aí minha gente.
Que agora eu vou contar.
Do caso de Bernadete.
É uma coisa de se admirar.
Bonitinha, empinadinha e faceira.
Bernadete era assim.
Quando ela passava na praça.
Era um fiu fiu sem fim.
Mulher casada, noiva e apaixonada.
Não gostava da Bené!
Ela toda proza e cheia de graça.
Dizia logo! Só olha quem quer.
A filha da vizinha, que beleza de mulher.
Cabelos soltos esvoaçantes.
Cinturinha de pilão, peitinho empinadinho.
Dos solteiros aos casados.
Não aguentava vê-la não.
A fofoca comia solta.
No vilarejo de São João.
Causando um maior alvoroço.
Perante a população.
Dizia a casada e a noiva.
Bené! Que não se mete com meu homem não.
Vou jogar pimenta no zoio dela.
Eu dou uma surra de cansanção.
Mas que desatino é esse?
Rebolando dizia a Bené.
Eu não ligo pra homem casado.
Mas, são eles que me quer.
Segure seus machos pra não vim atrás da Bené.
Eu lá só mulher de me contentar com migalhas.
Olha só que mulherão!
Vou é arrumar um fazendeiro rico.
Que me tire desse sertão.
A final junta miséria soma miséria.
Não é isso que eu quero não!
A Béne era de fato um tremendo mulherão
Parava carro, carroça puxada de boi.
Se vacilar, até caminhão.
As casadas tinham era inveja.
Daquele encanto de mulher.
Bernadete nem dava ligança.
Falasse dela quem quiser.
A danada era bonita isso não podemos negar.
Arrumada, vaidosa e jeitosa.
Todo mundo dava para ver.
Se perfume se arrume e se ajeite.
Se não quiser seu marido perder.
Vou ficando por aqui, mas de uma coisa eu tenho certeza.
A filha da vizinha, realmente era uma beleza.
Mas ela deixou o seu recado.
Quem quiser seu coração.
Tenha boas condições financeiras.
Pois amargar pobreza não era com ela não.
Autora: Elisete Soares Moreira