CORDEL – Mote – O Brasil é muito vasto – Que se ajeitar atrapalha – 03.05.2018 - PRL

 
CORDEL – MOTE - PRL
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
Esquema ABABCDCD
Oitavas de sete sílabas poéticas

 
 
(1)
Tenho dito a muita gente
Nesse mundo de Jesus
Quem é pobre que se aguente
Senão morre numa cruz
Permaneça no seu pasto
Não desista da batalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(2)
É certo que a corrupção
Tomou conta do país
Empestou nossa nação
Mas o que você me diz?
O viver do rico é fasto (¹)
O pobre usando cangalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(3)
Inda agora descobriram
O maior roubo do mundo
Autoridades não viram
Quem ganhou foi vagabundo
Mas então foram no rasto
Pulando até a muralha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(4)
Uma malta de doleiros
Muito bem municiada
Andara muito ligeiro
Lavando enorme bolada
A comissão deu pro gasto
Isso é próprio de canalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(5)
Mais de seis bi e duzentos
A quadrilha assim lavou
Tenho em meus pensamentos
Que o satanás ajudou
Foi um golpe bem nefasto
Aplicado, mas sem falha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(6)
 Banco aqui não era usado
Isso pra não dar na vista
Só mesmo cara aloprado
Até quem sabe um artista
Que no rico tem padrasto
Normalmente uma gentalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(7)
Se não passava por banco
É dinheiro irregular
Só mesmo no solavanco
Vão deixar de desviar
Na verdade cara incasto (²)
Que se esconde na toalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(8)
Depois então comemoram
O desvio de bilhões
Alguns deles hoje choram
Mas riam aos borbotões
Festejaram no repasto
Tutu quente na fornalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(9)
Da quadrilha do Cabral?!
Alguns estão a dizer
País bom de marginal
Inda vai aparecer
Agora é seguir o rasto
Até em Maracangalha (³)
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(10)
Cabral já foi condenado
A mais de duzentos anos
Já foi até algemado
Não se tem mais desenganos
Mas após seu antepasto
Vão usar logo a mortalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(11)
O povo quer acabar
Com foro de privilégio
Muita gente vai penar
Não conte com o Egrégio
O que der vai ser pro gasto
Faça a barba com navalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(12)
Político vai ficar
Com o foro da função
Se por acaso matar
Pra cadeia não vai não
Dirá que sempre foi casto
Pois que riqueza amealha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(13)
Agora já terminando
Vou deixar um grande abraço
Porque estou cochilando
E assim eu me embaraço
Vou comer meu sobrepasto
A água escorre na calha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(14)
O foro é como uma rede
Quando abriga marginal
Mas o povo tá com sede
Quer a justiça cabal
Poderia ser de arrasto
Não, porém, essa migalha,
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha
(15)
São mais de cinquenta mil
As pessoas resguardadas
Basta esquentar o pavio
Que não serão condenadas
A maioria é emplasto (+)
Que todo mundo enxovalha
O Brasil é muito vasto
Que se ajeitar atrapalha.

 
 
Ansilgus
 
(¹) – Feliz, ditoso, fartura, etc.
(²) – Que não é casto, impuro...
(³) – Pequeno distrito de uma cidade da Bahia. Há uma música de Dorival Caymmi, que foi e será sempre executada nos carnavais...
(+) – Indivíduo que incomoda, chato, inconveniente, maçante...


Crédito da foto: INTERNET/GOOGLE
ansilgus
Enviado por ansilgus em 05/05/2018
Reeditado em 05/05/2018
Código do texto: T6327675
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.