Bolso no aro

Há tempo ando capenga

Sei um vintém para um cego

Estou quebrado e não nego

To sem almoço na quenga

E pra aumentar a pendenga

Não acho nem para o bucho

E se acho é puro luxo

Pois dindim é um caso raro

Estou com o bolso no aro

Feito um pneu quando murcho

Pensei até ser mendigo

Perambular que nem bicho

Virando lata de lixo

Se hospedar num abrigo

Fazer morada em jazigo

Pra não pagar aluguel

Morar até em quartel

Fazer da ponte um Amparo

Estou com o bolso no aro

Sem ter no bolso um papel

Quando trafego atoa

E me deparo com um bar

Sem um tostão pra gastar

Essa visão me atordoa

Só tomo vento e garoa

Volto pra casa com frio

Sem Esperança e sem brio

No desespero eu varo

Estou com o bolso no aro

Completamente vazio

Mas quando a sorte aparece

Meu bolso enche de novo

Não como mais pão com ovo

Meu coração não padece

Recito mais que uma prece

Pra não dizer a tal frase

Porque mudei já de fase

Não digo mais no disparo:

Estou com o bolso no aro

Me enrolando na gaze.

Bosquim
Enviado por Bosquim em 29/04/2018
Reeditado em 01/05/2018
Código do texto: T6321848
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