VEM PRA LAGES
Quando vier a Lages
Traga gaita e violão
Traga canto e euforia
Traga sonho e magia
Vibre, pule, brinque e grite
Venha com fome e apetite
Pra uma paçoca de pinhão
Porém, se estiver desacorçoado
Malecho, triste ou acabrunhado
Ouça então minha opinião:
No Ponte Grande, jogue a tristeza
A malvadeza no Tanque afundará
Recolha as mágoas e as incertezas
E atire-as nas águas do rio Carahá.
Quando vier a Lages
Reveja amigos, curta a cidade
Pare ali na esquina da praça
Ria, conte causo, ache graça
Se encha de paz e felicidade
Depois suba a rua da catedral
E, no portal da formosa igreja
Peça à padroeira que o proteja
E, que Ela o livre de todo mal
Se ainda não bastar
Escale o Morro da Cruz
Faça uma prece a Jesus
Um espírito pleno de luz
Que vai lhe amparar.
Quando vier a Lages
Não fale em português
Proseie com o vivente da terra
Na linguagem do homi da Serra
Sem conversa de burguês
Minhazarma, cruzincredo
Não se avexe,solte o verbo
Não pergunte mazoquiera
Nunca indague porquiera
Desate a língua de uma vez
Mas, se piriga tastaviar na resposta
Não astreva dar uma de casca grossa
Bisbilhote com qualquer piádebosta
Que ele ensina o lageanês.
Quando vier a Lages
Não se atormente com o tempo
Não se apoquente com o vento
Chegue sem marcar hora
Só para apreciar o agora
Ou fofocar em uma noite de luar
Não se assuste com a geada
Que sobre a grama sapecada
Se derrete sob um sol de rachar
Saiba que no frio temos calor humano
Fabricado, aqui mesmo, por lageano
Na fabulosa fábrica da alegria
Na calorosa lareira da harmonia
No estreitado abraço de esmagar.
Quando partir de Lages
Partirá cheio de emoção
Estará de alma lavada
Mente limpa, renovada
Com saudade no coração
E, para matar a saudade,
Que logo o peito invade
Colha uma bela flor florida
Daquela de pétala colorida
No campo da Gralha Azul
E, guarde-a bem guardada
Lembrando que foi cultivada
Na mais linda das terras
Das terras lindas do Sul.