BEBENDO NO PRÓPRIO POÇO

Por Gecílio Souza

Eu queria um encontro

Sem alarde e sem perigo

Porém por mais que eu queira

Já tentei mas não consigo

Vivo saindo e entrando

No invólucro do meu abrigo

Às vezes sou meu estrangeiro

Às vezes sou meu amigo

Vou em frente e não desisto

No propósito eu prossigo

Levo estigmas e cicatrizes

Trago bálsamo e doce de figo

Carrego as dores do mundo

Tão pobre quanto um mendigo

Levo a fome e levo a sede

Trago água e uns grão de trigo

Navego nas incompreensões

Aos julgamentos não ligo

Quando entro estou saindo

Ao sair eu mesmo digo

Caramba como é difícil

De eu me encontrar comigo

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 19/04/2018
Reeditado em 07/04/2021
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