BEBENDO NO PRÓPRIO POÇO
Por Gecílio Souza
Eu queria um encontro
Sem alarde e sem perigo
Porém por mais que eu queira
Já tentei mas não consigo
Vivo saindo e entrando
No invólucro do meu abrigo
Às vezes sou meu estrangeiro
Às vezes sou meu amigo
Vou em frente e não desisto
No propósito eu prossigo
Levo estigmas e cicatrizes
Trago bálsamo e doce de figo
Carrego as dores do mundo
Tão pobre quanto um mendigo
Levo a fome e levo a sede
Trago água e uns grão de trigo
Navego nas incompreensões
Aos julgamentos não ligo
Quando entro estou saindo
Ao sair eu mesmo digo
Caramba como é difícil
De eu me encontrar comigo