FORRÓ NO LUAR
A noite luar estava estrelada
A zabumba gritava
O triângulo estralando
O pandeiro resmungava
teclado falava
A sanfona assoprava
O cantor cantava
Os pés estavam animados
O coração no peito inquieto
Aquele desejo arretado de puxar um passo.
Coração batia no peito da amada
Minha mão segurando na mão dela parecia segurar flores de tão delicada,
E a outra segurando na cintura, puxando ela por toda negrada
Era um forró danado de bom que ninguém cansava, ninguém suava, ninguém parava.
Um passo pra lá outro pra cá e a noite graças a Deus parecia nem passar
A gente queria era dançar até o sol raiar.
Eu no cangote dela sonhava no casório,
Eu sentia ela de oio fechado deixando se levar pelo meus passos
Tomara eu, que ela tivesse pensando no padre dizendo amém enquanto eu dizia ''Que noite linda meu bem''.
O vestido dela rodava a cada rodopio nosso
As vezes os lábios dela encontrava o meu
E nós ia se levando pelo embalo do sanfoneiro
Eu recitava no pé do ouvido todo meu amor
E ela respondia, abria a boca sorrindo espalhando sua alegria
Ela era Maria bonita e eu era seu Lampião
Um juntava o outro, como o arroz e feijão.
Dançamos até o sol aparecer e mesmo assim o forró continuou
O sol esquentava mais a vontade de arrastar os pés no salão
Zabumba parou de gritar, o pandeiro acalmou, teclado ficou mudo,
Sanfona parou de soprar e o cantor cansou
Mais o forró continuou aqui no meu lembrar
Foi tão bom que eu e ela queria voltar e dançar
Só pra matar a saudade desse forró no luar.