Cadê meu cumpadi Airão?
Airão ocê tá sumido,
Num apareci pra gente,
Num acodi meu gimido,
Tu anda tão diferente.
Se argum mar eu ti fiz,
Ti peço perdão aqui,
Eu ando tão infiliz
Tô magra qui nem faquir.
Vem matá minha saudade
Di prosiá cum ocê,
Mi fale da tua cidade
Que é o teu bem-querê.
´Fale inté do seu jeguim
Qui é bom pra viajá,
Só come milho e capim,
E é danado pra impacá.
Ocê, eu sei, ta famoso,
Prumodi da tar gincana,
Ficô todo orgulhoso,
Teu nome entrô pa fama.
O prefeito da cidade,
Estáuta mandô fazê,
Pela tua hombridade
Pelo teu jeito de sê.
Te percurei num anúncio
Nus jorná cá de Brasília,
Mais foi o maió furdúncio,
Respondeu sua família.
Os ribeiro tudo em côro,
Chegarum cum adevogado,
E tua muié no chôro,
Gritava: “ele é casado”!
Meu amigo, eu nem ti conto,
No momento de aflição,
Eu tamém caí no pranto
Pra fugi da situação.
Tua muié ficô minha amiga,
De meus tempo de minina,
Hoje semo tudo unida,
A amizade num termina.
Intão vê se aparece
As coisa já tão im paiz,
Vorta logo, num isquece,
Ocê faiz farta rapaiz.
A saudade é de montão.
Vem cumigo papeá,
Acarma meu coração
Vem logo, vem versejá.
Airam Ribeiro é poeta e cordelista da Usina de Letras e também aqui do Recanto, é um cara legal, já tem livros publicados, mas não se julga imortal... Parabéns, Airam, tua verdadeira simplicidade me fascina.