Cadê meu cumpadi Airão?

 

Airão ocê tá sumido,

Num apareci pra gente,

Num acodi meu gimido,

Tu anda tão diferente.

Se argum mar eu ti fiz,

Ti peço perdão aqui,

Eu ando tão infiliz

Tô magra qui nem faquir.

 

Vem matá minha saudade

Di prosiá cum ocê,

Mi fale da tua cidade

Que é o teu bem-querê.

´Fale inté do seu jeguim

Qui é bom pra viajá,

Só come milho e capim,

E é danado pra impacá.

 

Ocê, eu sei,  ta famoso,

Prumodi da tar gincana,

Ficô todo orgulhoso,

Teu nome entrô pa fama.

O prefeito da cidade,

Estáuta mandô fazê,

Pela tua  hombridade

Pelo teu jeito de sê.

 

Te percurei num anúncio

Nus jorná cá de Brasília,

Mais foi o maió  furdúncio,

Respondeu sua família.

Os ribeiro tudo em côro,

Chegarum cum adevogado,

E tua muié no chôro,

Gritava: “ele é casado”!

 

Meu amigo, eu nem ti conto,

No momento de aflição,

Eu tamém caí no pranto

Pra fugi da situação.

Tua muié ficô  minha amiga,

De meus tempo de minina,

Hoje semo tudo unida,

A amizade num termina.

 

Intão vê se aparece

As coisa já tão im paiz,

Vorta logo, num isquece,

Ocê faiz farta rapaiz.

A saudade é de montão.

Vem cumigo papeá,

Acarma meu coração

Vem logo, vem versejá.

 

 

 Airam Ribeiro é poeta e cordelista da Usina de Letras e também aqui do Recanto, é um cara legal, já tem livros publicados, mas não se julga imortal... Parabéns, Airam, tua verdadeira simplicidade me fascina.

Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 29/08/2007
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