RUTE E NOEMI
A Bíblia nos revela
Uma história singular
Do tempo que muita fome
Veio sobre Judá,
Levando seu bravo povo
Pora outra terra migrar.
Nos conta que Noemi,
Uma mulher virtuosa,
Por lá também habitou
Nessa era tenebrosa
E obteve de Deus
Uma bênção generosa.
Vendo a fome se agravar,
E tudo ali se perder,
Noemi, com sua família,
Sem o futuro temer,
Partiu, então, de Judá
Para em Moabe viver.
Na cidade de Moabe
Teve que ser paciente
Pois o povo moabita
Era uma nação descrente,
Adoravam outro deus
Um Deus muito diferente.
Tinha somente dois filhos,
Ambos já homens formados,
O Malom e o Quiliom
Jovens fortes, preparados,
Seu esposo, Elimeleque,
Porém vivia cançado.
Pela permissão divina
Elimeleque partiu
E Noemi, mesmo triste
Acreditando seguiu
E permaneceu vivendo
Naquele país hostil.
Os dois moços se casaram
Com mulheres moabitas,
Uma delas era a Rute,
Jovem, culta e bonita
A quem Noemi adotou
Como nora favorita.
Entre as mesmas floresceu
Amizade verdadeira
Por que Rute viu que a sogra
Era terna e companheira,
Apesar de vir de longe
E viver como estrangeira.
Como ninguém neste mundo
Conhece sua própria sorte
Ambas estavam ligadas
Por um laço muito forte,
Traçado por mão divina
Um laço de vida ou morte.
Pois Malom e Quiliom
Desceram a sepultura
De maneira inesperada
E bastante prematura,
Deixando as muito tristes
E cheias de amargura.
Noemi, sentindo o peso
Da idade já avançada,
Chamou Rute e lhe falou,
Minha nora, estimada,
Não aguento mais lutar,
Pois estou muito cançada.
Vou voltar para Judá,
Pois aqui sou indigente,
Sem filhos e sem esposo
Não tenho quem me sustente
Vou voltar para Judá
Ver se inda tenho parente.
Com os olhos em lágrimas,
E cheia de compaixão,
Rute, dobrou os joelhos
E segurando a sua mão
Disse: contigo irei
Para te dar proteção.
Orfa, que era a segunda nora
Disse, também quero ir,
Se você for eu irei,
Amanhã me despedir
Dos meus pais para poder
Contigo também partir.
Noemi, disse, não posso
Levar vocês duas comigo
A viagem será longa
E repleta de perigo,
Voltem para suas famílias
Onde encontrarão abrigo.
A Orfa, até insistiu,
Mas depois retrocedeu,
Foi para casa dos pais,
E lá se estabeleceu,
Mas Rute, já decidida,
Noemi não convenceu.
Disse Rute: em Moabe
Nada mais a mim convém
O teu povo é o meu povo,
Teu Deus, é o meu também
Vou contigo pra Judá
Mesmo que não viva bem.
Noemi, então, calou-se,
Aceitou sua decisão,
E rumou para sua terra
Eu vou partir pra Judá
A minha antiga morada.
Pois já estou
Uma jovem moabita
encontrou ela de repente.
O seu nome era Rute,
uma moça diferente,
porque sendo uma nobre,
inda não vivia contente.
A tradição do seu povo
não lhe dava alegria,
nem um pouco lhe agradava
também a sua idolatria,
pois o Deus de Noemí
era o Deus que ela servia.
Abandonara sua gente
por esta mesma razão.
Do seu título, riqueza,
também ela abrira mão
para viver entre o povo
por quem tinha admiração.
A Noemi a bela moça
grande amizade entregou
e com um dos seus filhos
mais tarde se casou
e parte da sua família
assim, então, se tornou.
Noemi ficou viuva,
aconteceu um dia, porém,
e a virtuosa Rute
ficou viuva também
as duas ficaram sozinhas,
sem esposo, sem ninguém.
Outra jeito não havendo,
ao perceber, Noemi,
muito triste disse a Rute:
- Eu precisarei partir,
volte para sua casa,
você não precisa ir.
Em prantos Rute implorou:
- Deixa-me ir contigo,
se partires, partirei,
onde fores eu te sigo,
o teu povo é meu povo,
tua casa, meu abrigo.
Aconselhou lhe Noemi
muitas vezes a ficar,
mas a sua firme decisão
ela não pôde mudar,
então, a levou consigo
para viver em Judá.
Ao chegarem nada tinham,
para poder se manter,
famintas e fatigadas
nada havia para comer.
era tempo de colheita
mas não tinham que colher.
Sem demora pelos campos
pôs-se Rute a coletar
as sobras de cereais
que sempre deixavam lá
para que as pobres viuvas
pudessem ir apanhar.
Por providencia divina
ela encontrou Boaz,
parente de Noemi
que ficara para trás,
tendo ele grande lavoura
era também um bom rapaz.
Quando soube que Rute
por Noemi era querida
Boaz lhe lhe deu cevada
e trigo em boa medida,
deixou a entre suas servas
como sua protegida.
Assim, até o fim da sega
Rute colheu trigo e cevada,
protegida por Boaz
que não lhe cobrava nada,
por ser nora de Noemi
que fora a sua cunhada.
Instruída por Noemi
quando a colheita acabou
no quarto de Boaz
uma noite Rute entrou
para deitar-se com ele,
o que muito o assustou.
Então, Rute lhe disse
que desposá-la ele deveria,
pois como seu parente
o direito lhe caberia
pois pela lei judáica
assim, sempre acontecia.
Inda assim, muito prudente
Boaz tocá-la não quis
a despediu de manhã,
dizendo nada lhe fiz,
porém o que me disseste
deixou-me muito feliz.
As terras de Noemi,
comprou imediatamente,
pois era feito assim,
tudo seria do parente,
que ficasse com a viuva
daquele instante pra frente.
Em seguida se casou
com Rute a moabita
que era muito virtuosa
e também muito bonita
e que veio se tornar
uma grande israelita.
Pois do enlace com Boaz
que fora celado ali,
por causa do parentesco
que tinha com Noemi
nasceu depois Obed,
o avô do salmista Davi.