MULHER

Por Gecílio Souza

Como uma a árvore nativa

Que resiste aos temporais

Ela desafia e transpõe

Os lances circunstanciais

É um livro codificado

Dos tempos primordiais

É o verbo inexprimível

Pelos vernáculos normais

Ela encanta até os deuses

Seduz os varões mortais

Gera a vida e peita a morte

Com expertises magistrais

Ela ornamenta o mundo

Com seus dotes naturais

É a própria linguagem da vida

Nas formas esculturais

Descrita na crença mítica

E na versão dos ancestrais

Como gênese das tragédias

E das crises entre os casais

Responsabilizada e punida

Pelas infrações morais

Lhe deram penas perpétuas

Muito além das corporais

Ainda prossegue pagando

Nos ditosos dias atuais

Por ninguém mais, ninguém menos

Que os benditos liberais

Defensores dos princípios

Proclamados divinais

Ela continua vítima

Das reverências banais

Que emergem das relações

Volúveis e artificiais

Impregnadas nas entranhas

Dos biombos culturais

Ela ultrapassa os verdugos

Pelos caminhos laterais

Ela é luta e resistência

Aos critérios desiguais

O seu nome é MULHER

Escrita com letras garrafais!

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 07/03/2018
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