MULHER
Por Gecílio Souza
Como uma a árvore nativa
Que resiste aos temporais
Ela desafia e transpõe
Os lances circunstanciais
É um livro codificado
Dos tempos primordiais
É o verbo inexprimível
Pelos vernáculos normais
Ela encanta até os deuses
Seduz os varões mortais
Gera a vida e peita a morte
Com expertises magistrais
Ela ornamenta o mundo
Com seus dotes naturais
É a própria linguagem da vida
Nas formas esculturais
Descrita na crença mítica
E na versão dos ancestrais
Como gênese das tragédias
E das crises entre os casais
Responsabilizada e punida
Pelas infrações morais
Lhe deram penas perpétuas
Muito além das corporais
Ainda prossegue pagando
Nos ditosos dias atuais
Por ninguém mais, ninguém menos
Que os benditos liberais
Defensores dos princípios
Proclamados divinais
Ela continua vítima
Das reverências banais
Que emergem das relações
Volúveis e artificiais
Impregnadas nas entranhas
Dos biombos culturais
Ela ultrapassa os verdugos
Pelos caminhos laterais
Ela é luta e resistência
Aos critérios desiguais
O seu nome é MULHER
Escrita com letras garrafais!