A CONTESTAÇÃO POÉTICA
Por Gecílio Souza
Minha plateia mais querida
Que muito bem me interpreta
Meu verso é mão estendida
Que às vossas mãos aperta
Nossa amizade presumida
Cada dia se manifesta
Sou um amante da vida
Não sou filósofo nem poeta
Tenho a alma sob medida
De certa paz inquieta
Na mente está esculpida
A dúvida que o mundo entrojeta
Uma curiosidade incontida
Que nenhuma força veta
Se a reflexão é reprimida
O juízo entra em alerta
A alma sábia está parida
Que pare ideia indigesta
Nenhuma certeza é concebida
Como absoluta e certa
Sentença é para ser debatida
Sem fundamento não presta
A convicção é descabida
Se nenhuma prova resta
O juiz vira homicida
Quando a vaidade o afeta
Sua parcialidade atrevida
Sepulta a justiça com festa
A república desfalecida
Torna a balbúrdia completa
Excelência comprometida
Com associação abjeta
Uma elite apodrecida
Má intencionada e funesta
A política corrompida
O cidadão a detesta
A democracia combalida
Por força nada secreta
A liberdade extorquida
À mercê de alguma oferta
A ética foi submetida
Ao poder de quem a contesta
Casa da fé sendo erguida
Triplicando a sua coleta
Tanta irmandade bandida
Vigarista e falso profeta
A nação desiludida
Crise cultural concreta
O povo quer uma saída
Até em silêncio protesta
A tolerância está perdida
Em meio à imoral floresta
A inteligência foi agredida
Quem questiona é “pateta”.
A verdade é parecida
Com a nossa sombra atleta
Ela sempre vence a corrida
É o que a experiência atesta
O obscurantismo é ferida
Má cheirosa e aberta
A ignorância consentida
Com a estupidez se flerta
Uma vida mal vivida
Não é justa nem correta
No caminho há subida
Que maior vigor injeta
O medo interdita a lida
A coragem vence e liberta
Que a luta seja mantida
Até que se atinja a meta.