PRA ESQUECER A TRISTEZA ME LEMBRO DO RISO DELA.

PRA ESQUECER A TRISTEZA

ME LEMBRO DO RISO DELA.

A vida tem seus percalços

Tribulações e penúrias

Tem traições e injúrias

E todo tipo de laços

A ironia dos falsos

Só aumenta a maleza

Que corrompe e cancela

O que houver de beleza

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

Quando estou sozinho

Pesado de solidão

Me vem a recordação

Daquele gole de vinho

Tu de renda eu de linho

Com um cravo na lapela

Aquela cena tão bela

Me recordo com franqueza

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

Quando estou cansado

Sem vontade de cantar

Começo a desatar

O embrulho do passado

Então vejo, tá guardado

A minha vida singela

É como uma janela

Aberta pra natureza

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

Se a noite me assusta

Fecho os olhos e sonho

E no escuro medonho

Vejo quanto isso custa

Por uma ação injusta

Pago caro a parcela

Então minha cama gela

A dor da minha fraqueza

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

Se me falta a vontade

Ou o gosto de viver

Me ponho a escrever

Poemas sobre saudade

Mas não chego na metade

A rima se esfarela

Sinto o fel na goela

Me causando aspereza

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

No horizonte do rosto

Sou a aurora carente

Pois já fui um sol nascente

Hoje eu sou um sol posto

No ocaso do desgosto

Se turba a minha tela

Não sou mas o centinela

Que ardia em clareza

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

Quando olho pro terreiro

Vejo um casal brincando

Ele bobo perguntando

Se é dela por inteiro

Ela responde ligeiro

Que é sim sua donzala

Então essa cena bela

Se desfaz, sinto surpreza

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

Nisso a realidade

Me mostra outro terreiro

Este é um cativeiro

De lembrança e saudade

Da janela da verdade

Já não vejo a donzela

Com uma flor amarela

Nos cabelos de princesa

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

O vento brando e terno

Chega junto com a chuva

O guará na mata uiva

No escuro do inverno

Sinto um frio eterno

Assombrar a minha cela

Tortura, dor e sequela

Me furam com malvadeza

Pra esquecer atristeza

Me lembro do riso dela.

A sua falta maltrata

Meu sentimento cativo

Porem ainda tô vivo

Pra recordar da ingrata

Não quero ouro nem prata

Tão pouco portar auréola

Não sou santo de capela

Mas afirmo com certeza

Pra esquecer a tristeza

Me lembro do riso dela.

Ebenézer Lopes
Enviado por Ebenézer Lopes em 22/02/2018
Código do texto: T6261133
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