CAPAÇÃO A MACETE

CAPAÇÃO A MACETE

Miguezim de Princesa

I

No estado de Sergipe,

Está registrado um fato

Do Cabra Manoel Duda,

Ligeiro que nem um gato,

Que quis estuprar uma moça

Por trás de uma moita de mato.

II

Na era mil oitocentos

E no ano trinta e três,

A mulher de Xico Bento,

Depois de cuidar da rês,

Vinha passando na estrada

Quando se assustou de vez.

III

Era o Cabra Manoel Duda,

Que saiu da moita armado;

Quando ela viu a marmota,

Gritou: - Meu Jesus, amado!

O cabra deu-lhe uma rasteira,

Puxando seu abanhado.

IV

Arrastou-a para a moita

E, sem dizer nenhuma prosa,

Já ia consumando o ato

Perto de um pé de babosa,

Foi flagrado por Nocreto

E por Norberto Barbosa.

V

Levado à Delegacia

Pelos homens e um soldado,

Já chegou todo moído,

O fundo todo ensopado,

Levou 200 tabefes

De Janjão, o delegado.

VI

Na sentença do juiz,

É dito que o estuprador

Tentou Quitéria e Clarinha

Duas moças de valor

E não pode ver uma saia

Que sobe nele um calor.

VII

Diz o juiz que o cabra

Com a proposta recusada,

Se agarra com a moça,

Sai com ela abrofelada

E faz a pulso uma coisa

Que não pode ser falada.

VIII

Por isso que na sentença

O juiz diz, sem falsete,

Para o cabra ser capado

É na base do macete,

Com a coisa espragatada

Em cima de um tamborete.

IX

O juiz Manoel Fernandes,

Cabra justo de lascar,

Manda esbagaçar os troços

Do tarado do lugar

E dar os ovos quebrados

Pro gato maracajá.

X

O Brasil hoje precisa

De um novo regimento

Pro cabra pensar duas vezes

Que é gente e não um jumento

E, se der para estuprar,

Vai perder o instrumento.

Miguezim de Princesa
Enviado por Miguezim de Princesa em 21/02/2018
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