A história do Zé Danado
A Deus pai do céu
Peço graças e inspiração
E a quem me escutar
Peço toda atenção
Pra viajar comigo
No mundo da imaginação
Vou contar uma história
Que na qual ouvi falar
De um certo Zé Danado
Nascido no Ceará
Dizem que até mesmo o diabo
Ele foi capaz de enfretar
O seu nome de batismo
Era na verdade, José Furtado
Devido aos seus atos
Ele foi apelidado
Por todo povo do sertão
De Zé Danado
Zé foi um grande nome
Para o povo nordestino
E começou com suas danadices
Ainda mesmo menino
Fazer o mais difícil
Estava em seu destino
Com onze anos de idade
Zé já começou a ser danado
Arrumou um namoro
Com a filha do Ricardo
Um ano depois
Ele já estava casado
Zé era mesmo danado
Igual nunca se viu
Não tinha medo de nada
De coragem a mil
Foi o homem mais teimoso
Que no sertão existiu
Ele era muito valente
Nada lhe assustava
Caboclo armado de revólver
Sozinho Zé tomava
Era essa e outras mais
Que Zé Danado aprontava
Certa vez lá no sertão
Aconteceu um caso inusitado
De um tal boi bandido
Que fugiu do cercado
A fuga desse bicho
Deixou todo mundo amedrontado
O boi era enorme
E também muito valente
Perigoso e rápido
E pegava o que via na frente
Diziam o povo
Que ele comia até gente
Por essa razão
Ninguém queria enfrentá-lo
Então disseram ao Zé:
Só tu pode pegá-lo!
Zé sem mostrar preguiça
Montou-se em seu cavalo
Alguns minutos depois
Zé apareceu cansado
Montado em cima do boi
Pois já tinha pegado
Ninguém estava acreditando
Ficou todo mundo assustado
O tempo ia passando
E Zé a se danar
Fazia coisas incríveis
Que nem dava pra acreditar
Parecia que sua danação
Só fazia aumentar
Com dezoito anos de idade
Zé já era respeitado
Por todos os lugares
Seu nome era considerado
Tudo que ele fazia
Deixava o povo abismado
Zé laçava touro bravo
Também sabia campear
Vaquejadas e festas de rodeio
Só entrava pra ganhar
Não tinha mistério no mundo
Para ele não desvendar
Então num certo dia
Quando menos se esperava
Por obra do destino
A coisa assim ficava
Um cavalo solto no campo
Que nem o cão pegava
Até macumbeiro foi chamado
Para fazer oração
Mas enquanto ele orava
O rosário caio no chão
Parecia que aquilo tudo
Era problema sem solução
O macumbeiro ainda disse
Que o cavalo ninguém pegava
Bem longe dali
Zé Danado se encontrava
Procurando o tal cavalo
Ele já estava
Zé foi sozinho
Pois não quis companhia
Quando bateu doze horas
O cavalo ele via
Com distância de mil metros
Começou a correria
Quando bateu as dezoito horas
Zé Danado com ele grudado
Tirou a sela do seu cavalo
E foi no outro montado
Chegando na casa do dono
Deixou todo mundo admirado
Cada vez que Zé se superava
Deixava para o povo a falação
Uns diziam que ele era um santo
Outros diziam que ele era o cão
Porque o que ele fazia
Ia além da imaginação
Certo dia Zé Danado
Com toda a sua capacidade
Fez um boneco de madeira
Que falava de verdade
Esse feito do Zé
Invocou toda a cidade
Zé era assim mesmo
De tudo ele fazia
Como um bom filho
Aonde mandasse ele ia
Estava sempre no ponto
Quando o problema aparecia
Certa noite no sertão
Quando tudo parecia normal
Apareceu o lobisomem
Assustando o pessoal
Com uivos e berros
Foi uma confusão total
Ninguém estava esperando
Quando o bichou chegou
Foi um susto daqueles
O chafurdo começou
Gente que nunca tinha rezado
Naquela noite rezou
Era gente correndo
Para todo lado
Aqueles mais medrosos
Eram dentro de casa trancados
Só quem enfrentou o bicho
Acreditem, foi o Zé Danado
Isso era uma da madrugada
Quando Zé saiu para fora
Tinha bastante gente
Viram naquela hora
Zé a custo de paulada
Botar o lobisomem para ir embora
Depois o pessoal aplaudiu
De pé, a Zé Danado
Que mais uma vez
Dava conta do recado
Ele a serviço do povo
Por força de Deus amado
O tempo ia caminhando
E Zé só prestígio ganhava
Homem de bem
Seu povo lhe amava
Mas na estrada da vida
O destino com ele aprontava...
Certo dia quando campeava
Um boi longe do sertão
Zé Danado foi obrigado
A entrar em uma confusão
E depois de surrar vinte caboclocos
Foi baleado no coração
Os tiros eram para matar
A razão não se sabe por quê
A notícia se espalhou
Seus familiares foram lhe socorrer
O sertão todo se entristeceu
Zé Danado ia morrer
Sete dias se passaram...
E Zé na cama de um hospital
Tido como morto
Não dava nenhum sinal
Parecia que daquela vez
Zé tinha se dado mal
Só parecia, é verdade
Assim o tempo passou
Zé fez valer o seu nome
Daquela ele se livrou
Graças a Jesus Cristo
Foi quem lhe salvou
O sertão ficou em festa
Com o Zé recuperado
Que depois do susto
Ficou foi mais danado
Vencendo todos os obstáculos
No caminho traçado
Zé tinha jeito pra coisa
Sabia fazer e surpreender
Onça, leão e cobra
Não adiantava nem correr
Ele pegava na perna
Antes do suor descer
Zé Danado ganhou fama
Por ter sido diferente
Defensor do povo nordestino
Homem honesto e valente
Tudo que ele fazia
Sempre era o da frente
Quando Zé Danado morreu
Fez muita falta no sertão
Nunca mais teve alguém
Que tive comparação
Com aquele ser fenomenal
Danado de pura vocação
Foram muitas as histórias do Zé
Mil e uma eu ouvi falar
Só contei algumas
Que consegui me lembrar
As outras depois eu conto
Quando a gente se encontrar
A história do Zé Danado
Entre versos eu contei
Baseada em fatos reais
O resto eu inventei
Peço desculpas a todos
Se acaso não agradei
Essa literatura de cordel
Fiz com carinho e amor
Pela a tua honrosa paciência
Te agradeço leitor
Tenha sempre em mente
As rimas do poeta pensador