CAUSO: O CAPITÃO DO SERTÃO

Autor: Agnaldo Tavares Gomes

(2005)

No sertão, onde o chão queima

numa ardência de fogo

qual fogueira de São João,

Onde o mandacaru com bravura

resiste à seca e ainda “fúlora”.

Devoto de “Padim Ciço”,

em Serra Talhada (Pernambuco)

nasceu Virgulino.

Menino aos 12, vaqueiro,

aos 13, tropeiro

e aos 16, cangaceiro.

“Minha arma era um clarão permanente

que nem lampião”.

Lampião do sertão

capitão do cangaço

fez regaço:

dançou baião em terras alheias

fez dançar baião e xaxado

sob o cano do rifle.

Sete Estados viram o clarão

do bandoleiro Lampião.

Um Estado lhe deu uma fêmea,

uma baiana – Maria Bonita

Mulher valentona.

“Maria, não grita,

o filho já vem!”

Maria não gritou

o filho chorou

nas mãos do cangaço.

“Olha o fogo do mato”! (acertou Lampião)

“É o fim do cangaço”?

Lampião morre não

tem fôlego de gato.

Lampião tá vivinho que nem o clarão

do sol no sertão.

“Lampião vem vindo”!... (gritou um soldado)

Não ficou um macaco.

O prefeito fugindo

caiu do mirante:

“Cabra frouxo, cagão

morreu só de medo de ver o clarão

do meu lampião”.

“Olha o fogo de novo”!

Acertou Lampião

e Maria Bonita (tombaram num abraço)

“Lampião não morreu”?

Lampião morreu sim

É o fim do cangaço.

O Poeta Baiano
Enviado por O Poeta Baiano em 11/02/2018
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