O LOBO QUE COMEU O CORDEIRO

Um pequenino cordeiro

Com sede e muito faminto,

Foi beber água num córrego

Bem perto de um labirinto.

Deu de cara com um lobo

Que já bem abufelado,

Disse: - Que fazes aí?

Dá o fora, ó safado!

Que desaforo é esse,

Turvar a água que eu bebo?

Vou te dar uma lição

Mal educado mancebo.

E o cordeirinho, coitado,

Com terrível tremedeira

Pensando achar um jeito,

De debandar na carreira

Disse-lhe: - É impossível

O rio está na ladeira,

O senhor está acima

Pertinho da cabeceira.

Logo, não posso sujar

A sua água, doutor,

Já que eu estou em baixo

Pois tenho menos valor.

O lobo viu a verdade

Na fala do cordeirinho,

Ficou meio atrapalhado

Até torceu o focinho.

Mas ele estava faminto,

E não queria perder

Por gula ou por instinto,

Só desejava comer.

Então disse: - Seu tratante,

Pobretão desinformado

De um modo revoltante,

Trataste - me no passado.

Tu falaste mal de mim,

Inventaste uma mentira

Agora, nem querubim,

Livra - te de minha ira.

- Como? – Disse o cordeiro,

Deve haver algum engano

Juro por Deus verdadeiro,

Que eu nasci este ano.

O lobo reconhecendo

A verdade do cordeiro,

De raiva – já se tremendo

Deu-lhe o golpe derradeiro:

- Então foi teu pai, gaiato,

Eu só quero te dizer

Que tu vais pagar o pato,

Porque eu vou te comer.

E nhóc! Nem quis saber,

E nem ouviu os lamentos

É que a força do poder,

Não liga para argumentos.

***

(Este cordel foi elaborado com base

na fábula de mesmo título,atribuída a Esopo -

fabulista grego do século VI A.C)

(Maria do Socorro Domingos)

João Pessoa, 03/02/2018

Mariamaria JPessoa Pb
Enviado por Mariamaria JPessoa Pb em 03/02/2018
Reeditado em 03/02/2018
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