NOSSO VOTO TEM VALOR/MAS NÃO PODE SER VENDIDO
Foi aberta a temporada
De caça ao voto do otário
Um ritual ordinário
Já teve sua largada
Pela conversa manjada
O político bandido
Nem merece ser ouvido
Por um sagaz eleitor
Nosso voto tem valor
Mas não pode ser vendido
Sobe a conta de energia
Só aumenta a gasolina
Por outro lado, a propina
No Brasil virou mania
É violenta a sangria
De um Erário combalido
Pelos ratos invadido
Se piedade e pudor
Nosso voto tem valor
Mas não pode ser vendido
Tijolo, telha, passagem
Cimento, areia, uma grana
Dessa maneira se engana
Quem aceita pilantragem
Com artimanha eles agem
Diante de um iludido
Que depois, arrependido,
Vai sentir forte fedor
Nosso voto tem valor
Mas não pode ser vendido
Tem parlamentar eleito
Pra mandatos sucessivos
Parecem falhar os crivos
De quem vive insatisfeito
Ou será que é mesmo aceito
O presente oferecido
Por candidato sabido
Que adora fazer "favor"?
Nosso voto tem valor
Mas não pode ser vendido
Mensalão e mala cheia
De dinheiro desviado
Será que não têm bastado
Pra dar nas urnas a peia?
Quando o povo se aperreia
Nenhum se vê condoído
Há em tudo que é partido
Exemplar de malfeitor
Nosso voto tem valor
Mas não pode ser vendido
Se não houver providência
Por parte de quem elege
Dessa lógica que rege
A podridão, indecência
Vai se estender a vigência
É mais um tempo perdido
O remédio merecido:
A faxina, sim, senhor!
Nosso voto tem valor
Mas não pode ser vendido
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Mote e glosas: Jerson Brito