Já Ví De Tudo
Doutora eu já vi de tudo
Nessa vida atribulada,
Bezerro enjeitando vaca
Em tempos de chuvarada,
Vi velho curto das vistas
Morrer no eito da estrada.
Já vi vaqueiro estripado
Nas quebradas do sertão,
Vi cego guiando um carro
Andando na contra mão,
Já vi padre de batina
Negando a extrema unção.
Já vi mãe jogando praga
Na filha que desgarrou,
Vi neto desaforado
Reclamando do avô,
Filho gritando com o pai
Porque a droga se acabou.
E se Deus me der licença
Eu vou ver coisa pior,
Ao invés de chuva d’água
Eu vou ver chuva de pó,
Vou ver com muita tristeza
Nuvens nos céus dando nó.