fincou-se na putaria e perdeu a sua moral

Literatura de cordel:

Fincou-se na putaria

E perdeu a sua moral

Caboclo trabalhador

Era meu compadre Zé

Levantava logo cedo

Pra poder fazer café

Tomava uma golada

Já cheirava o rapé

Morava numa choupana

Sozinho sem companheira

Vivia na paz do mato

Não pensava em besteira

E assim passava o tempo

Nas quebradas da ribeira

Criava lá uns bichinhos

Meia dúzia de galinhas

Jumento para montar

Umas vacas bem gordinhas

Um bode pai de chiqueiro

E também umas cabrinhas

Matuto respeitador

Não gostava de contenda

Gostava de tá no mato

Zelando sua fazenda

E ali do campo mesmo

Tirava a sua merenda

Nas quatro festas do ano

Tomava umas lapadas

Por ali na redondeza

Na casa dos camaradas

E gostava de prosar

Fazer versos e toadas

E assim levava a vida

Dentro da simplicidade

Sua luz um candeeiro

Nunca teve vaidade

Seu prazer era o campo

Não gostava de cidade

Às vezes alguém dizia

Tá na hora de casar

Arrumar uma cabocla

Ter filhos para criar

Construir uma família

Para poder lhe ajudar

E ele muito fechado

Dizia vai ter a hora

A fruta só dá no tempo

No tempo também vigora

Aguardo tranquilamente

De certo minha senhora

E o tempo foi passando

Pois veja no que se deu

Cansado da solidão

O caboclo esmoreceu

E partiu para cidade

Em busca do amor seu

Andou de ponta a ponta

Procurando namorada

Quanto mais a procurava

Ele não achava nada

E voltou pro seu roçado

Com a vida amargurada

Passado uma semana

Ele resolveu voltar

Passou em um boteco

Pra poder se encorajar

E tomou uma cachaça

Depois foi perambular

Ele desacreditado

E também com pouca fé

Pois disse, vou apelar.

Nesse tal de cabaré

Pra tirar a minha zinca

E mudar essa maré

Quando ali ele entrou

Ficou muito admirado

Todo canto que olhava

Só se via um rebolado

E foi logo se abraçando

Com a moça do seu lado

Começou a bebedeira

Era uísque e cachaça

Ele foi se embriagando

E caindo na trapaça

Sem ao menos desejar

Atolou-se na desgraça

Ficou muito viciado

Gastando tudo que tinha

Perdeu logo a sua moral

Vendeu a sua terrinha

Deu fim a sua criação

Cabrito, bode e galinha.

Fincou-se na putaria

Pela a prostituição

E já fez do cabaré

Morada e habitação

Eu também fiquei sabendo

Que virou foi cafetão

Dizem que se apaixonou

Por uma mulher da vida

Dessas que bebe e fuma

Sem limite sem medida

E é ele que administra

A grana adquirida

Relaxou-se por demais

Perdeu a honestidade

Explorar uma mulher

Que não tem felicidade

E só vende o seu corpo

Por que tem necessidade

Eu não sei como dizer

É melhor ficar calado

Mas isso é um exemplo

Que muito tenho notado

Às vezes a gente muda

Pra ficar escravizado

É melhor deixar a vida

Dentro do naturalmente

Sem querer tudo de pressa

E ser mais inteligente

Para não sofrer castigo

Nem penar futuramente

Como fez esse caboclo

Que tinha sossego e paz

E trocou tudo o que tinha

Por prazer ineficaz

E hoje é prisioneiro

Das obras do satanás

Eu ditei neste folheto

A vida de um cidadão

Que por falta de juízo

Mergulhou na tentação

Fazendo da vida um palco

Onde reina a maldição

Espero que tudo passe

Também possa melhorar

Que encontre a liberdade

Fora daquele lugar

Que também possa ter asas

Pra viver livre a voar

Vou parando por aqui

Pra vocês deixo um abraço

Desse jeito eu finalizo

Desse jeito é que eu faço

E assim eu levo a vida

Firme, forte, feito aço.

Diosmam Avelino- 02- 01- 2015

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DIOSMAM AVELINO
Enviado por DIOSMAM AVELINO em 02/02/2018
Reeditado em 14/05/2019
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