O AUTOMÓVEL BRASIL

Por Gecílio Souza

O Brasil mais se parece

Com um carro quando enguiça

De ladeira à baixo desce

Uma onda maldosa o atiça

O motor fraco desaquece

Corroído pela cobiça

A direção não obedece

Há ferrugem na dobradiça

O condutor não o merece

Seu caráter fede a carniça

Sua conduta enfurece

A vizinhança que se reboliça

O descontetamento cresce

Em areia movediça

O DUT do carro se apodrece

O combustível se desperdiça

A segurança desaparece

A estrutura virou cortiça

De garantias legais carece

A formalidade é postiça

Falso socorrista aparece

Com vernenosa hortaliça

O real dono se entristece

Face à institucional preguiça

Que ao titular não reconhece

Em lama se converteu a justiça

De gasolina se entorpece

A pele do dono se ouriça

Da trama nunca se esquece

A mídia infame se enfeitiça

O ódio que prevalece

Ameaça a cor mestiça

O equilíbrio desaparece

A tragédia é fronteiriça

Quando a prudência perece

A democracia é mortiça

A carne que se envelhece

Não serve para linguiça

E o carro não se abastece

A lataria ficou roliça

Por onde passa estremece

Até a pedra mais maciça

Cai na água não há prece

Somente a multidão o iça

A república se desvanece

Tornou-se a escrava noviça

A juizada se enriquece

E o dinheiro público desperdiça

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 23/01/2018
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