A saga de Luzia-Homem no Sertão do Brasil
Diz a lenda que Luzia-Homem era tão macho,
Que servia pra tudo, menos pra capacho!
Retirante ruralista, fazia o que mil homens não fazia,
Arava, capinava, e até prédio construía!
Açoitada pela fome, fugiu da caatinga pra não morrer,
Foi pra cidade grande labutar feito gente grande,
Na esperança de um pouco mais viver!
Eita mulé matuta, gigante, bruta!
Na nova vida foi cobiçada, nunca namorada!
Nas vielas da vida, conheceu Alexandre, um grande amigo;
Dizem que ficou faceira, mas não permitia relar umbigo!
Na outra ponta, tinha Crapiúna, soldado de prisão;
Que também queria ousadia com Luzia, mas sempre recebia um não!
Alexandre, astucioso e malandrão, com a carne fraca,
Roubou o mercado que cuidava, e acabou indo pra prisão!
Mas tinha algo nessa história, que não colava não,
Porque nem tudo que parece é, e nem tudo que é, parece não!
Luzia bruta, tinha bom coração, e passou a visitar o amigo na prisão,
E de tanto ir, reviu Teresinha, moça da vida;
Que em certo tempo, a mãe de Luzia, havia lhe dado guarida...
Teresinha ficou de xodó com Crapiúna, e via o moço de janeiro a janeiro!
Certo dia, Teresinha pega Crapiúna com o alforje chein de dinheiro;
Que não era dele, e sim aquele do mercado, que Alexandre roubou derradeiro...
Luzia homem quando fica sabendo, trata de soltar Alexandre da cadeia,
E no lugar dele, vai o soldado Crapiúna, cuja vingança, lhe bate na teia!
Alexandre apaixonado, propõe a Luzia morar na Serra distante,
Ele, ela, Teresinha e uma renca de parente!
Alexandre e uma renca de gente, parte na frente...
No dia seguinte, parte Luzia e outra renca de gente!
Sertão a dentro, vereda por vereda, rumam em direção a Serra maldita!
E o tempo cruel, que afasta a chuva, mata os bichos, traz de volta a desdita!
Num cantin esquecido do sertão, Crapiúna aparece com Teresinha na mão,
Luzia homem parte pra cima, e de unha na cara, tira sangue de montão!
Mas Luzia recebe no peito, não uma flechada de cupido;
Chega ao fim a sua vida, com uma facada do inimigo;
Que corre pelo mato, louco da vida, por ter matado sua única paixão;
Luzia Homem, mulher mais corajosa de todo sertão!