Non perfunctoriam
É triste o meu dilema
Difícil a minha rotina
A obrigação é problema
E o cordel é minha sina
O conceito de utilidade
Há muito foi pro espaço
Este cordel, na verdade
Me libertou do cansaço
Pra que tanto laboratório?
Prédio no outro grudado?
Se inútil ou perfunctório?
Gente merece cuidado
É sistema pra todo lado
Lento que nem carroça
Plantaram até um bocado
Tiririca se alastra na roça
Tem gente pra lá de omissa
Não dá um prego em sabão
Pessoas enchendo linguiça
Eita, que povinho babão!
A causa não tá perdida
Pra todo santo eu peço
Rimando eu levo a vida
Na rima nunca tropeço
Eu peço ao meu protetor
São Francisco de Canindé
Eu rogo ao Mestre Griô
- Barbatão, tenha fé!
Lembrai até do inimigo
Que ele carece atenção
Livrai-me de todo perigo
Da planta de cansanção
Cada coisa tem sua hora
Cada hora o seu cuidado
Macho, sorria, não chora
O que é seu tá guardado
Guardo aquela lembrança
Recordo do tempo, feliz
Bate no peito esperança
Que a fé é a força motriz
Troco o posso por quero
Se quero, eu logo faço
A coisa, eu nunca espero
Tomo do céu um pedaço
Eu gosto da agrofloresta
Da fruta e da mata nativa
As plantas fazem a festa
Ao som do meu Patativa
Que vitória eu conceba
Abelha fazendo enxame
Se for dirigir, não beba
Se for beber, me chame
Eu sigo assim, noite e dia
Versinho fazendo graça
O poema é minha alegria
Cordel é a minha cachaça