No meu tempo de criança/Era tudo diferente (II)

Abaixo, algumas estrofes minhas no desafio travado com outros dois poetas amigos no "zap zap". Não imaginava que o mote fosse render tanto...rs

Registro aqui meu agradecimento aos parceiros Evaldo e Adonias, que deram um show.

PS: releve-se os exageros...hehe

Vamos lá:

Estirão esburacado

Sem asfalto e calçamento

Tinha pouco movimento

A rua onde fui criado

Corria pra todo lado

Até sendo inconsequente

Nem a febre ou dor de dente

Tiravam a confiança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Eu morei quando crescia

Em uma casa de palha

Se a memória não me falha

O tanque de alvenaria

Bem depois construiria

O meu pai, homem valente

Cuidadoso e diligente

Mesmo sem ter abastança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Apertar a campainha

Era diversão "da hora"

Para depois dar o fora

Junto com toda a turminha

Não sai da cabeça minha

Fiz isso demais contente

Fui moleque saliente

O terror da vizinhança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Fugia pra soltar pipa

Porque meu pai não deixava

Mas quando em casa chegava

Entrava logo na ripa

E da farofa de tripa

Fritinha num óleo quente

Lembro bem que foi frequente

Pense aí na comilança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Lembro do "boneco duro"

E da pira ou pega-pega

A famosa cabra-cega

Esconde-esconde no escuro

Botava a cara no muro

Pra contar pausadamente

"Batido", "gorou", "tá quente"

Expressões de longa usança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Escolhiam pra goleiro

O gordinho, que maldade

E quem tinha habilidade

Já jogava o tempo inteiro

A regra do peladeiro

Naqueles anos vigente

Deixava fora o "doente"

Para não fazer lambança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Datas comemorativas

Nunca passavam em branco

Da cachola tudo arranco

Porque são memórias vivas

Professoras criativas

No Dia do Índio, atente

Com tinta e papel somente

Faziam penacho e lança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Repetência abordo agora

Mas veja bem e me entenda

A da fila da merenda

Seu amigo rememora

Nos bons recreios de outrora

Prato limpo e novamente

Ia comer fartamente

Sem maltratar a balança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Todo aluno sem esmero

Estava enrolado e meio

Na prova fazia feio

Tirando um redondo zero

Sem mimimi, lero-lero

Acabava repetente

Pra quem era displicente

Só macumba ou pajelança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente

Com o pobre professor

Hoje não há mais respeito

Um aluno insatisfeito

Não dá devido valor

Passa a ser contestador

Um perfeito delinquente

Perante o mestre impotente

Que perdeu a liderança

No meu tempo de criança

Era tudo diferente