A NOLTALGIA AUTORITÁRIA
Por Gecílio Souza
Paira uma nuvem escura
Que obscurece o cenário
Instalou-se a ditadura
Do poder judiciário
A escola da magistratura
Anulou o dicionário
Legislou outra estrutura
Com ânimos autoritário
Crivou uma rachadura
No direito ordinário
O juiz se tornou figura
Cujo ímpeto é arbitrário
A nação está insegura
Estado de direito precário
Em nome da falsa lisura
Alterou-se o calendário
Não há tribunal à altura
Deste país extraordinário
Não se investiga nem apura
Os crimes do empresário
E do político sem postura
Que assaltam o erário
Liberais e linha dura
Não respondem ao questionário
A justiça não “atura”
Esquerdista revolucionário
Coage, prende e tortura
A quem tem senso humanitário
Quer-se aviltar a estatura
Do saber universitário
Causa revolta e amargura
A tendência do noticiário
Invade-se o espaço da cultura
Prende-se reitor e funcionário
Polícia Federal imatura
Ministério Público sanguinário
Todo dia uma travessura
Um crime em seu prontuário
Magistrado com formatura
Diplomado salafrário
Não é justiça, é uma frescura
É omsicsaf ao contrário
Não respeita a criatura
É homicida perdulário
O paneleiro nem murmura
O coxinha voltou ao ovário
Se apodrecem na sepultura
Do do surto reacionário
Se alinharam à usura
Patriotismo mercenário
Agora pagam a fatura
Da mão de obra sem salário
E pensam com a cintura
Seu candidato é temerário
Uma catastrófica aventura
De um milico incendiário
A liberdade deve ser pura
Sem intruso intermediário
A altual legislatura
Trata o povo de otário
Reeditaram essa loucura
Que jaz no imaginário
O congresso é a caricatura
Do feudo latifundiário
Só trocou de armadura
Mas mantém o breviário
Jogou merda na fervura
Tirou o cadáver do armário
Ante a iminente a ruptura
Um líder se faz necessário
Para suprir a fissura
E reverter o itinerário
Da insana escravatura
Desde o senhorio agrário
A música e a partitura
De novo com um operário
Não há na literatura
Qualquer outro receituário
O bem maior que perdura
Do humano ideário
Liberdade sem censura
Eis o nosso inventário!