O NASCIMENTO DE LAMPIÃO.
Lampião chegando ao mundo
No dia do nascimento
O dia enegreceu
Assoprou um pé de vento
O menino engastaiou
Pois a parteira atrasou
Viajando num jumento
Quando apontou a cabeça
A parteira deu um grito
Quase caindo de costas
"Valei-me São Benedito!"
Sem crer naquilo que via
O corpo todo arrepia
Achando aquilo esquisito
O pai que tava dum lado
Olhando, pôs-se a chorar
Orava pra São Longuinho
Para um machado encontrar
"Quando essa coisa sair
E a força me permitir
A cabeça eu vou cortar"
Foi grande a luta esse dia
Da mulher e da parteira
Pararam pra almoçar
Pra descansar da canseira
Retornaram meio dia
O moleque não saia
Mexeu com a cidade inteira
Buscaram uma parelha
De bois, pra puxar o menino
Amarraram no pescoço
Foi aquele desatino
Quando saiu a metade
Mandaram chamar um frade
Pra benzer o babuíno
Toca o sino, meia noite...
A desgraça sai pra fora
O coisa-ruim no telhado
A mãe grita, seu o pai chora
Lampião se levantando
Olha pro povo, e falando
"Adeus que eu já vou embora"
O final dessa história
O mundo já conheceu
Quem não se curvou pra ele
Com certeza padeceu
Lampião foi destemido
E no mundo, o bandido
Pior que apareceu.
(Zé Roberto)
A alguns anos, conversando com um amigo que defendia Lampião, escrevi bem rapidinho esses versinhos por pura brincadeira... meu amigo não gostou nem um pouco! Encontrei hoje e compartilho com vocês.