A OPÇÃO
Por Gecílio Souza
Viver sem alguma emoção
É chato e entediante
Os sentimentos e a razão
Tornam a vida fascinante
Agir com os pés no chão
É sensato e relevante
Fiz a minha opção
E a levarei adiante
Demiti a televisão
Desocupei a estante
Do celular abri mão
Por algo muito imporante
Me chama mais àtenção
O segredo de um semblante
O que toca o coração
É um olhar penetrante
Há uma mútua projeção
Sutil mas significante
Um espelho de retração
Projeta o rosto do amante
Me vejo em tri-dimensão
No seu rosto debutante
Quão sublime relação
Tal qual flecha perfurante
Vai ao cerne da questão
E toca a alma triunfante
Numa amorosa invasão
Um feitiço, um quebrante
Desejo é como um leão
Amarrado com barbante
Pela auto-preservação
Rompe a corda num instante
Afeto é sem comparação
Mexe com a célula pulsante
E toda separação
É dificil e torturante
Não a ingenuidade de Adão
Mas a Eva provocante
Não há culpa nem perdão
Há cumplicidade ambulante
Sexo é a negação
Da morte itinerante
Gestar é a perpetuação
Da vida recalcitrante
O amor é da morte irmão
Sem amar morre o vacilante
“Amar” é auto-afirmação
Do desejo pululante
Se entregar é uma doação
Uma espécie de vôo rasante
Pode fracassar ou não
Faz parte e é interessante
Se o sonho é uma ilusão
Acorde já e se levante
A natural aspiração
Do ser racional pensante
É a mútua satisfação
Do enlace gratificante
Não pede água nem pão
Pede presença elegante
Quer a prazerosa fruição
Jamais o inferno de Dante
Um poema, uma canção
A alguém que está distante
Venha em minha direção
Por você sou viajante