A OPÇÃO

Por Gecílio Souza

Viver sem alguma emoção

É chato e entediante

Os sentimentos e a razão

Tornam a vida fascinante

Agir com os pés no chão

É sensato e relevante

Fiz a minha opção

E a levarei adiante

Demiti a televisão

Desocupei a estante

Do celular abri mão

Por algo muito imporante

Me chama mais àtenção

O segredo de um semblante

O que toca o coração

É um olhar penetrante

Há uma mútua projeção

Sutil mas significante

Um espelho de retração

Projeta o rosto do amante

Me vejo em tri-dimensão

No seu rosto debutante

Quão sublime relação

Tal qual flecha perfurante

Vai ao cerne da questão

E toca a alma triunfante

Numa amorosa invasão

Um feitiço, um quebrante

Desejo é como um leão

Amarrado com barbante

Pela auto-preservação

Rompe a corda num instante

Afeto é sem comparação

Mexe com a célula pulsante

E toda separação

É dificil e torturante

Não a ingenuidade de Adão

Mas a Eva provocante

Não há culpa nem perdão

Há cumplicidade ambulante

Sexo é a negação

Da morte itinerante

Gestar é a perpetuação

Da vida recalcitrante

O amor é da morte irmão

Sem amar morre o vacilante

“Amar” é auto-afirmação

Do desejo pululante

Se entregar é uma doação

Uma espécie de vôo rasante

Pode fracassar ou não

Faz parte e é interessante

Se o sonho é uma ilusão

Acorde já e se levante

A natural aspiração

Do ser racional pensante

É a mútua satisfação

Do enlace gratificante

Não pede água nem pão

Pede presença elegante

Quer a prazerosa fruição

Jamais o inferno de Dante

Um poema, uma canção

A alguém que está distante

Venha em minha direção

Por você sou viajante

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 26/11/2017
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